Palmito-juçara é extraído ilegalmente de reserva ambiental no Espírito Santo
Foto: Instituto Marcos Daniel

A proximidade da Semana Santa traz um aumento na procura por palmito, ingrediente essencial da tradicional torta capixaba. No entanto, por trás desse costume gastronômico, esconde-se uma ameaça ambiental grave: a exploração ilegal da palmeira-juçara (Euterpe edulis), espécie nativa da Mata Atlântica e classificada como ameaçada de extinção.
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No dia 13 de fevereiro, pesquisadores da Reserva Kaetés, administrada pelo Instituto Marcos Daniel, em Vargem Alta, constataram um crime ambiental preocupante. Quarenta palmeiras juçara foram cortadas dentro da reserva, nas proximidades da localidade de Castelinho. A área afetada faz parte da Mata de Caetés, um dos maiores fragmentos de Mata Atlântica de Montanha do Espírito Santo, abrangendo mais de 3.000 hectares.
De acordo com Victor Vale, supervisor da reserva, os responsáveis pela extração ilegal invadiram a unidade de conservação para retirar os palmitos, possivelmente visando a revenda no período de maior demanda. Com a chegada dos feriados, a tendência é que a situação se agrave ainda mais.
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“Todos os anos enfrentamos esse problema em toda a região. Nossa principal estratégia é intensificar a vigilância e acionar as autoridades competentes, na esperança de que as ações da polícia ambiental e dos órgãos responsáveis sejam eficazes na repressão desse crime”, afirma Marcelo Renan de Deus Santos, coordenador do Programa de Conservação da Saíra-apunhalada.
A palmeira-juçara é valorizada por seu palmito adocicado, preferido por muitos na preparação da torta capixaba. No entanto, séculos de exploração desenfreada, somados ao desmatamento para atividades agrícolas e florestais, levaram essa espécie a um cenário crítico de extinção.
Além da importância econômica, a palmeira-juçara desempenha um papel fundamental no equilíbrio ecológico da Mata Atlântica. Seus frutos são uma fonte de alimento para diversas espécies da fauna local, e suas folhas servem como complemento alimentar para macacos-prego.
A extração de palmito compromete a sobrevivência da espécie, já que a palmeira não possui capacidade de rebrotar após ser cortada. Uma alternativa sustentável à exploração predatória é a produção da polpa do fruto da juçara, similar ao açaí. O cultivo comercial dessa polpa apresenta um grande potencial econômico para as regiões montanhosas do Espírito Santo, especialmente quando inserido em sistemas agroflorestais. Empresas especializadas já atuam no processamento e exportação desse produto para o mercado internacional.
Para conciliar tradição e preservação ambiental, é essencial evitar a compra de palmito ilegal e optar por alternativas sustentáveis, como o palmito de pupunha, pindoba, dendê, açaí e coqueiro, que são cultivados de maneira controlada para consumo.
Fonte: Instituto Marcos Daniel
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