Fundo encerra aportes com R$ 200 milhões investidos no Brasil

Foto: Divulgação

Sarah Sampaio é CEO do Cafe Apui Agroflorestal, que recebeu aporte financeiro

O Amazon Biodiversity Fund (ABF) ou Fundo de Biodiversidade da Amazônia – em tradução livre -, fundo que conta com o aconselhamento da organização internacional Impact Earth, vai encerrar seus aportes em dezembro de 2025, depois de investir cerca de R$ 200 milhões em projetos de impacto e economia verde no Brasil. O fundo aplicou grande parte dos recursos entre 2023 e este ano, em 11 projetos que vão desde sistemas agroflorestais, passando por Créditos de Carbono de Restauração (ARR, na sigla em inglês), até na preservação de áreas verdes em territórios indígenas.

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“Esses marcos refletem a colaboração dedicada ao Fundo de Biodiversidade da Amazônia com parceiros, investidores e parceiros locais em toda a Amazônia. Um de nossos objetivos era provar que soluções baseadas na natureza, empreendimentos impulsionados pela natureza e pela comunidade podem gerar impacto mensurável para as pessoas, a biodiversidade, o clima e a viabilidade econômica. Para a Impact Earth, essas conquistas reafirmam nossa missão de direcionar capital para onde ele realmente faz a diferença e inspiram a próxima fase do nosso trabalho, enquanto nos preparamos para lançar uma nova geração de investimentos focados em impacto”, afirma Vincent Gradt, co-fundador e sócio-gerente da Impact Earth.

O ABF conta com investidores como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Soros Economic Development Fund (SEDF), além de CGIAR (Aliança Bioversity & CIAT), L’Oréal Fund for Nature Regeneration (LFNR) e ASN Impact Investors. “É prestação de contas à sociedade, além de prepararmos o nosso próximo movimento”, afirma Andrea Resende, gerente de investimentos da Impact Earth.

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Com o encerramento do período de investimentos do ABF – algo já programado desde a sua criação -, ainda que o fundo se prolongue até 2030, uma vez que os próximos cinco anos serão dedicados ao acompanhamento das investidas, Impact Earth já trabalha na estruturação de um novo fundo, que vai entrar em captação em 2026. O nome e o montante ainda estão sendo definidos, mas a meta é que 50% dos seus aportes sejam investidos no Brasil e o restante fique entre o Sudeste Asiatico e países da América Latina.

“Durante 2026, esse novo veículo de investimento será estruturado e ofertado inicialmente a um grupo menor de investidores estratégicos”, explica Resende. O fundo deverá funcionar durante doze anos.

Quanto ao ABF, cujo primeiro ciclo de investimentos se encerra no fim de 2025, cerca de R$ 185 milhões já foram destinados até o último mês de outubro. Segundo a gerente de investimentos da Impact Earth, ainda faltam R$ 15 milhões a serem aplicados, que terão como destino tranches de investimento já desenhados em algumas dessas 11 iniciativas.

“Como aconselhadora do ABF, a Impact Earth teve muito amadurecimento no que diz respeito às oportunidades de aplicação de capital em economia verde e de impacto no Brasil. E o mercado, sem dúvida, amadureceu conosco nesse perído”, afirma Resende.

INVESTIDAS – A Belterra Agroflorestas, referência nacional em sistemas agroflorestais (SAFs) escaláveis, integrando cacau, banana, mandioca com espécies florestais, e que já restaura áreas de pastagens degradadas nos estados do Pará, Mato Grosso, Rondônia e Bahia, recentemente anunciou novos aportes. Parte veio do ABF, que aplicou R$ 20 milhões, que vão compor os R$ 135 milhões que a empresa vai investir para revitalizar 2,750 mil hectares até 2027, o que representa perto de 850 mil toneladas em sequestro de carbono. O BNDES responde por R$ 100 milhões.

Quem também recebeu aportes do ABF foi a Nossa!. Foram R$ 15 milhões anunciados, com a meta de iniciar a construção de uma fábrica em Barcarena (PA), e ampliar o número de fornecedores diretos de açaí através do extrativismo sustentável. A empresa é comprometida em estruturar uma cadeia de valor sustentável para o açaí, baseada em práticas agroflorestais, certificações de comércio justo e orgânico, e na geração de impacto socioambiental positivo.

A Mahta, foodtech brasileira que desenvolve produtos clean label (rótulo limpo) e ricos em nutrientes, tendo a biodiversidade amazônica como base, recebeu um aporte nesse segundo semestre de 2025. Foram R$ 20 milhões do ABF.

Já o consórcio liderado pela Systemica, que recebeu investimento do ABF, assinou em julho deste ano um acordo com o Governo do Pará para a primeira concessão para reflorestamento de terras públicas no Brasil com aproveitamento de Créditos de Carbono de Restauração (ARR). Com prazo de concessão de 40 anos, o projeto prevê a recuperação de 10,3 mil hectares de floresta e o sequestro de 3,7 milhões de toneladas de carbono equivalente. De acordo com um estudo do governo paraense, o investimento estimado é de R$ 258 milhões, com expectativa de gerar uma receita total de R$ 869 milhões, além de criar aproximadamente dois mil empregos na região.

Conhecida como Café Apuí, a Amazônia Agroflorestal é uma empresa fundada em 2019 e que está implementando um programa de sistema agroflorestal de café e de conservação no município de Apuí (AM). O foco são os pequenos produtores.

Outra iniciativa é o Projeto Amazon Indigenous REDD+ (AIR+, na sigla em inglês), da REDD+ (Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation Framework), para a proteção de 700 mil hectares em três Territórios Indígenas (Rio Branco, Igarapé Lourdes e Zoró) nos estados de Rondônia e Mato Grosso. O projeto é co-elaborado e co-implementado por Associações Indígenas e pelo Centro de Estudos Rioterra. E a meta é conservar a biodiversidade, prevenir o desmatamento e ajudar comunidades indígenas a garantir meios de vida sustentáveis, utilizando o mercado voluntário de carbono.

A Cacau Amazônia também faz parte das 11 investidas do ABF. Fundada em 2024, está implementando um programa de sistemas agroflorestais e reflorestamento de matas ciliares com pequenos produtores no estado de Rondônia.

Quem também compõem o rol de investimentos do fundo é a Horta da Terra, especializada em ingredientes amazônicos liofilizados em pó e orgânicos, a INOCAS Amazônia, que posiciona a macaúba, palmeira endêmica do Brasil, como fonte alternativa de óleo vegetal com potencial de gerar impactos socioambientais positivos e a Manioca, fundada em 2014 no Estado do Pará, que transforma ingredientes da sociobiodiversidade amazônica em produtos alimentícios inovadores, voltados para o consumidor urbano.

Além desses movimentos ainda há, o projeto de ARR ReforesTerra, que tem como objetivo recuperar 2 mil hectares de áreas degradadas de propriedade de pequenos produtores no Estado de Rondônia, onde uma parcela limitada de floresta nativa ainda está em pé.

“Os R$ 15 milhões previstos até dezembro deste ano serão aplicados para a expansão da atuação de algumas das empresas do portfólio. Em 2025 já fizemos investimentos adicionais em alguns dos projetos, como por exemplo, no projeto AIR+, que é um dos projetos com maior impacto social e ambiental do portfólio”, explica Resende.

Fonte: Kyvo Comunicação

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