Adaptação climática na cafeicultura é tema de encontro de organizações Fairtrade do Brasil

Fotos: Julio Huber

Começou hoje (19), na cidade de Andradas (MG), um encontro com representantes de nove organizações de café Faitrade do Brasil, com foco em troca de experiências entre os participantes e apresentação dos Planos de Desenvolvimento da Organização (PDAs). O encontro também visa sensibilizar os jovens sobre a importância de implementar práticas sustentáveis que contribuam para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas na produção de café.

O Workshop, que segue até amanhã (20), é realizado pela Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos(as) Produtores(as) e Trabalhadores(as) do Comércio Justo (Clac) e integra também o Encontro de Jovens das Organizações Fairtrade do Brasil. Um dos palestrantes será o oficial de Mudanças Climáticas da Clac, Ramiro Marcelo Lizaru Carranza, da Bolívia.

Além de socializar experiências entre as organizações participantes do projeto de elaboração dos PDAs, durante os dois dias haverá uma troca de experiências entre representantes das organizações Fairtrade sobre a implementação dos planos, e servirá para que jovens produtores reflitam sobre sustentabilidade, mudanças climáticas e práticas de adaptação no cultivo do café.

Durante o encontro, serão identificadas ações já em andamento nas cooperativas, com relação à mitigação aos efeitos das mudanças climáticas, além de desenvolver propostas para apoio de novas ações.

O primeiro dia está sendo realizado no Hotel Porto das Asas e contará com momentos de integração, contextualização do sistema Fairtrade e apresentações sobre os PDAs elaborados no Brasil. As organizações irão compartilhar os resultados alcançados com práticas sustentáveis, os benefícios identificados e os desafios enfrentados. Jovens representantes terão papel central nas apresentações, fortalecendo sua participação no processo de adaptação climática.

Amanhã, a programação será em campo, com visitas a propriedades e na sede da Associação dos Cafeicultores do Bairro Gabirobal, Andradas (Acafeg), para conhecer práticas de mitigação já aplicadas. À tarde, os jovens terão espaço para apresentar reflexões sobre como aplicar em suas organizações o aprendizado do encontro, indicando necessidades de recursos e parcerias para a implementação de ações.

Uma das gestoras da Clac no Brasil, Giseli Sampaio, detalhou que o plano já está em andamento em nove cooperativas que integram o sistema Faitrade e já mostra resultados. “As organizações selecionadas para o trabalho de consultoria estão em regiões planejadas para que as diferentes ações fossem executadas. Conseguimos envolver 1.580 produtores nesta fase do planejamento”, contou Giseli.

Cooperativismo e clima: um debate global

O workshop se conecta a uma discussão de dimensão internacional. Em 2025, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Ano Internacional das Cooperativas, o tema ganha ainda mais relevância diante da COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA), na Amazônia.

As cooperativas agrícolas de Comércio Justo têm desempenhado um papel estratégico no enfrentamento das mudanças climáticas, especialmente na agricultura familiar. Práticas como agroflorestas, regeneração de solos, gestão de água, reflorestamento e uso de sementes crioulas estão entre as soluções que vêm fortalecendo a resiliência de produtores(as) e comunidades.

A Clac, rede que representa mais de 900 organizações em 23 países da América Latina e do Caribe, tem evidenciado em seus territórios que o trabalho coletivo e participativo é capaz de gerar impactos sustentáveis, inclusão social e bem-estar econômico. No Brasil, a Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BRFAIR) é a coordenadora nacional do Comércio Justo e atua representando as organizações de pequenos produtores e produtoras.

Com a proximidade da COP30, as organizações Fairtrade reforçam a necessidade de ampliar o apoio técnico, financiamento justo e políticas públicas que fortaleçam os pequenos produtores e produtoras. Com o encontro em Andradas, a Clac pretende unir ainda mais a cooperação, juventude e sustentabilidade para responder de forma prática e solidária aos desafios climáticos.