Conheça os significados dos símbolos que marcaram a história do cooperativismo
Foto: OCB/Divulgação

Muitas pessoas que conhecem de alguma maneira o cooperativismo, algum dia pode ter se perguntado sobre o que significa os símbolos deste movimento mundial. E quando se fala em cooperativismo, qual é a primeira imagem que vem à sua cabeça? Não seria incomum se a sua resposta fosse “dois pinheiros envoltos por um círculo amarelo”. Essa associação pode acontecer com frequência porque o símbolo foi adotado por diversas cooperativas e se consolidou como uma representação visual do modelo de negócio.
Anúncio
Talvez você conheça a imagem dos dois pinheiros antes mesmo de saber o que é o cooperativismo. Mas a pergunta que fica é: quando essa identidade surgiu? Por que ela representou o modelo de negócio? Ao longo do tempo, esse e outros símbolos foram adotados como representações visuais do movimento cooperativista no Brasil e no mundo.
Os tradicionais pinheiros
O pinheiro faz parte do imaginário das pessoas, e, regularmente, é associado às comemorações de Natal. Quem nunca usou uma ‘réplica’ dessa árvore para pendurar enfeites e pisca-piscas natalinos? No interior, aind hoje há a tradição de usar o próprio pinheiro, que é cultivado e usado no Natal. Por outro lado, a imagem de dois pinheiros juntos remete ao movimento cooperativista.
Anúncio
A data do primeiro uso dos pinheiros para se referir ao cooperativismo é incerta, mas o fato é que o símbolo se popularizou, especialmente em países da América Latina, como o Brasil. No país, os pinheiros se solidificaram ainda mais quando a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) adotou o símbolo como sua marca oficial, em 1969.

Em 1997, a organização de representação das cooperativas brasileiras atualizou a sua logomarca, e os pinheiros foram alocados dentro de um círculo amarelo, envoltos por um arco. Mas afinal, qual mensagem os pinheiros transmitem?
O pinheiro, conhecido como uma árvore conífera, é caracterizado pelo seu crescimento rápido, reprodução intensa, perenidade e possibilidade de plantio em uma ampla variedade de solos. Isso expressa a imortalidade, a perseverança e a fecundidade – valores alusivos ao cooperativismo. Os arcos que circundam os pinheiros, por sua vez, simbolizam a eternidade do movimento, ou seja, a ausência de início e fim.

A bandeira do arco-íris e as pombas
Fundada em 1895, durante o 1º Congresso do Cooperativismo, a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) é a organização que representa os cooperativistas de todo o mundo. Com sede em Bruxelas, na Bélgica, a ACI é considerada uma das organizações internacionais não governamentais mais antigas do planeta.

Ela representa mais de 1 bilhão de cooperados e possui 306 organizações filiadas, de 105 países. Com um papel de representação global, a ACI orienta posicionamentos e diretrizes do movimento cooperativista, como a consolidação da identidade cooperativa e dos princípios cooperativistas.
Não seria diferente na simbologia. Pela sua representatividade, as logomarcas e símbolos adotados pela ACI ao longo do tempo se popularizaram e se tornaram símbolos do cooperativismo. Um exemplo é a bandeira com as cores do arco-íris, primeira bandeira adotada pela organização, em 1924.
À época, após a celebração do primeiro Dia Internacional do Cooperativismo, em 1923, a ACI buscava uma identidade global. O professor francês Charles Gide, renomado cooperativista, sugeriu a utilização de uma bandeira com as setes cores do arco-íris. Ele reforçou que o arco-íris simboliza união, diversidade, iluminação e progresso.

A bandeira foi utilizada como símbolo oficial da organização até 2001, quando uma nova logo foi desenvolvida. Ao longo das décadas, a bandeira do arco-íris passou a ser adotada por outros grupos não-cooperativos, como a comunidade LGBTQIAPN+. Dessa forma, ela ganhou múltiplos significados. Foi por isso que a entidade decidiu desenvolver uma identidade visual exclusiva, mas sem perder a essência da mensagem transmitida pelas cores do arco-íris.
Com o rebranding, a logomarca da ACI assumiu a cor de fundo branca, com um arco-íris estampado, do qual emergem pombas da paz, representando a unidade dos diversos membros da ACI. A sigla da organização também surgiu no logotipo, sendo representada logo abaixo do arco-íris, impressa na sétima cor, violeta.
Simplesmente “coop”
O cooperativismo é um modelo de negócio inclusivo, que acolhe pessoas de todas as origens. Mas como comunicar essa essência de forma clara e atrativa para a sociedade? Como engajar novos membros para o movimento? Em 2013, a Aliança Cooperativa Internacional deu um passo decisivo para fortalecer a identidade do cooperativismo à nível global.
Após ouvir opiniões de cooperativistas de 86 países, a ACI criou uma logomarca única, capaz de ser reconhecida por pessoas de diferentes países, independentemente do idioma ou da cultura. A composição da marca foi desenvolvida pela Calverts, uma cooperativa inglesa.
A estratégia foi adotar o termo “coop” – uma forma reduzida e universal da palavra “cooperativismo”. O logotipo criado explora a tipologia do termo e traz as duas letras “O” entrelaçadas como elos de uma corrente, simbolizando a união e a colaboração entre pessoas – a razão de existir das cooperativas.

A nova cara do cooperativismo extrapolou a identidade visual, e o “coop” passou a ser utilizado como um nome mais simples e informal para se referir às cooperativas e ao movimento cooperativista. Essa terminologia também está amplamente presente no ambiente digital, a exemplo do domínio “.coop”.
Curiosamente, o domínio, “.coop” surgiu antes da nova identidade visual. Ele foi lançado oficialmente em 30 de janeiro de 2002 e, desde então, vem sendo adotado gradativamente em sites e e-mails de cooperativas ao redor do mundo. O endereço do site do Sistema OCB/ES, por exemplo, é ocbes.coop.br.
A gestão do domínio e da marca “coop” é feita pela DotCooperation LLC (Dot.Coop), uma empresa pertencente à ACI e à Associação Nacional de Empresas Cooperativas (NBCA), que representa as cooperativas estadunidenses.
Versão brasileira: SomosCoop
Existem elementos, cores e símbolos que, só de bater o olho, já nos remetem ao Brasil? No país, com toda a sua diversidade cultural, possui uma identidade visual inconfundível. E com o cooperativismo brasileiro não é diferente.
Com a criação da nova marca global “coop” em 2013, o Sistema OCB Nacional começou a estudar possibilidades para incentivar as cooperativas brasileiras a se juntarem ao movimento global de fortalecimento da identidade cooperativista.
O primeiro passo para essa mudança foi dado em 2017. Após diversas pesquisas de branding, nasceu a marca SomosCoop – o jeitinho brasileiro de se integrar ao movimento mundial. No ano seguinte, em 2018, essa marca se materializou, de fato, no lançamento do Movimento SomosCoop.
O SomosCoop adota a logotipo “coop”, proposto pela ACI, e adiciona um toque de brasilidade a ele. A começar pelo nome: “somos” transmite uma mensagem de coletividade, pertencimento e união. A ideia é que os cooperativistas se reconheçam como parte da comunidade “coop”. Além disso, a marca traz um ícone estilizado que remete à bandeira do Brasil.
Hoje, o SomosCoop é mais do que uma marca – é um movimento, uma “ideologia”. Por meio dele, os cooperativistas brasileiros se comunicam diretamente com a sociedade, transmitindo os valores do modelo de negócio de dentro para fora.
Em 2018, a marca ganhou uma nova versão: o carimbo SomosCoop, símbolo oficial de identificação das cooperativas brasileiras. O Sistema OCB Nacional, com apoio das organizações estaduais, incentiva suas cooperativas registradas a utilizarem o carimbo em diversos canais de comunicação físicos, como embalagens, fachadas e cartões; e digitais, como assinaturas de e-email, rodapés de site e posts em redes sociais.

Muito além da imagem
Os símbolos que representaram o cooperativismo visualmente ao longo dos anos não são apenas imagens – eles contam a história, os valores e a essência do cooperativismo. Ao conhecê-los, há uma conexão com um movimento global que valoriza a cooperação, a justiça social, a sustentabilidade ambiental e a prosperidade econômica.
Texto: Emilly Rocha / OCB/ES
Anúncio
Anúncio