EDP e Defesa Civil se preparam com tecnologia inédita e monitoramento 24h para o verão capixaba

Fotos: Bruno Caetano

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Bruno Caetano

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O verão sempre chega ao Espírito Santo carregando expectativas: dias mais longos, aumento da movimentação nas cidades litorâneas e uma rotina mais intensa em todo o Estado. Mas, ao mesmo tempo, o período também representa um desafio crescente para os serviços essenciais, especialmente diante de um cenário climático cada vez mais instável.

Nos últimos anos, episódios de chuva intensa, ventos fortes e tempestades localizadas se tornaram mais frequentes. São eventos que se formam rapidamente, surpreendem municípios e exigem respostas ágeis de equipes de energia, Defesa Civil e monitoramento meteorológico. E a previsão para o verão é de tempestades concentradas em curtos espaços de tempo.

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É nesse contexto que a EDP apresentou, na manhã de ontem (13), o Plano Verão 2025/2026, uma estratégia estruturada para enfrentar os meses mais críticos do ano. O foco é reduzir o impacto das instabilidades climáticas para a população e tornar mais eficiente a recuperação em caso de ocorrências.

O portal da Revista Negócio Rural acompanhou a coletiva de imprensa, realizada em Vitoria, quando a concessionária detalhou que o plano não se limita a reforços pontuais, mas envolve um conjunto de investimentos em tecnologia, ampliação de equipes, novas bases operacionais e integração permanente com órgãos de resposta.

Nova estrutura, tecnologia e modernização das operações

Uma das principais mudanças para este verão é a integração maior entre as áreas operacionais da EDP. A empresa montou um esquema que permite redistribuir equipes rapidamente de acordo com o nível de emergência em cada região.

O presidente de distribuição da EDP, Dyogenes Rosi, destacou a importância de preparar a rede elétrica para eventos considerados inevitáveis, mas cada vez mais frequentes e intensos. Segundo ele, o plano ganha relevância especial por se tratar do período do ano com maior volume de chuvas no estado.

Rosi explicou que a companhia vem investindo fortemente em modernização, automação e expansão das equipes que atuam em campo.

“Tudo que acontece em um evento climático exige resposta rápida e que, por isso, a empresa irá elevar o número de profissionais treinados e ampliar o contingente disponível para emergências”

O presidente reforçou que, durante o verão, as equipes podem ser aumentadas em até cinco vezes, dependendo da gravidade das ocorrências registradas. Isso permite que a distribuidora envie mais técnicos às regiões mais afetadas com o objetivo de restabelecer a energia de forma segura e ágil.

Ele também destacou que o enfrentamento a eventos extremos só é possível com integração plena entre todos os órgãos responsáveis. “Nós só vamos conseguir restabelecer a energia com parcerias. Hoje estamos aqui dentro da Defesa Civil para lançar o programa juntos, mostrando que essa união já existe há anos e se fortalece em cada plano de verão”, afirmou.

INVESTIMENTOS – Entre os investimentos anunciados, Dyogenes citou a construção de um novo Centro de Operação que será inaugurado em julho. A estrutura, que receberá mais de R$ 80 milhões em tecnologias, permitirá monitoramento mais avançado da rede elétrica e maior capacidade de resposta durante tempestades.

O presidente recordou ainda a atuação da empresa durante o desastre climático registrado no Sul do Estado em 2024. Ele lembrou que equipes precisam desligar a energia de determinadas áreas por risco de choque, ação que evita acidentes, mas exige reconstrução posterior da rede em regiões fortemente danificadas. “Em menos de 24 horas conseguimos restabelecer a energia para mais de 90% da população atingida. Mas, muitas vezes a rede é destruída e a gente tem que reconstruir quase tudo do zero”, relatou.

Rosi reforçou que hospitais, pessoas com equipamentos de sobrevivência e serviços essenciais fazem parte das prioridades no restabelecimento. Ele explicou que, em desastres, a ordem de atendimento precisa seguir critérios técnicos definidos previamente para evitar riscos e salvar vidas.

Prevenção e suporte direto aos municípios

Durante o evento, o tenente Josué Alves do Santos, do Departamento de Preparação e Resposta da Defesa Civil Estadual, destacou que o verão exige um trabalho coordenado, e ressaltou que o principal foco é garantir resposta eficiente e coordenada entre Estado e municípios, principalmente porque muitos municípios não possuem estrutura própria para monitoramento meteorológico contínuo.

De acordo com o órgão, uma das prioridades é fortalecer a comunicação com as prefeituras. Equipes municipais receberam novos treinamentos e orientações sobre procedimentos adotados em casos de alagamentos, deslizamentos e enxurradas.

Para o tenente, sem integração, a assistência humanitária pode ser distribuída de forma desigual, com famílias recebendo ajuda duplicada enquanto outras ficam sem atendimento.

“A coordenação é essencial para garantir que todos tenham acesso ao que precisam e que as ações cheguem rapidamente às áreas atingidas”

Josué também afirmou que, sempre que há previsão de eventos severos, equipes são colocadas de sobreaviso para ampliar o efetivo e agilizar o atendimento. Quando os próprios servidores do município são atingidos pelo desastre, como ocorreu em Mimoso do Sul, o Estado assume parte da gestão emergencial.

Ele acrescentou que, por se tratar de um corpo militar, o Corpo de Bombeiros atua em regime de prontidão e pode operar por longos períodos seguidos, caso necessário. Essa flexibilidade, segundo ele, é vital para enfrentar catástrofes de grande escala.

TECNOLOGIA – O tenente também destacou que o governo estadual vem ampliando investimentos em tecnologia, comunicação e ferramentas de gestão de desastres. Entre as melhorias está o desenvolvimento de um software de gestão de assistência humanitária, que será integrado à Defesa Civil, Secretaria de Trabalho e Assistência Social e outros órgãos.

O objetivo é evitar falhas, atrasos e duplicidade de dados durante ocorrências. Outra frente de investimento é a aquisição de tecnologia como a Starlink, que possibilita comunicação via satélite mesmo em áreas totalmente isoladas por enchentes ou deslizamentos. Josué relatou que esse tipo de recurso foi fundamental durante o desastre no Rio Grande do Sul, onde equipes capixabas atuaram em apoio.

Cenário climático, riscos e tendências para o próximo verão

A meteorologia da Defesa Civil também apresentou um panorama do que o Espírito Santo deve enfrentar nos próximos meses. As análises indicam que o verão será marcado por chuva irregular, períodos de forte calor e eventos de tempestade concentrados em curtos intervalos. Já o fim de novembro e o início de dezembro apontam para maior volume de precipitação.

Segundo o meteorologista da Defesa Civil, Mauro Bernasconi, esse comportamento está ligado à transição entre padrões oceânicos e atmosféricos. Em anos como este, o Estado costuma registrar mais tempestades isoladas. A formação desses núcleos de chuva intensa ocorre de forma rápida, muitas vezes em áreas urbanas densas, ampliando o risco de alagamentos, queda de árvores e interrupções na rede elétrica.

REGIÕES SERRANA E CAPARAÓ – A maior preocupação está nas regiões Serrana e do Caparaó, naturalmente suscetíveis à acumulados elevados de precipitação. Nessas localidades, o relevo acentuado e a presença de rios com escoamento forte elevam ainda mais o risco de enxurradas e deslizamentos.

Bernasconi explicou que eventos intensos podem elevar rapidamente o nível dos rios, desencadeando ocorrências severas

“Este será o primeiro verão em que poderemos combinar dados de radar, imagens de satélite e inteligência artificial em um único painel de análise rápida. Será um monitoramento 24 horas por dia, com uma equipe de sete meteorologistas em atuação permanente”

Os dados são atualizados em tempo real, e as decisões são tomadas com base em modelos meteorológicos revisados semanal e mensalmente. “Nós estamos sempre um passo à frente para antecipar qualquer mudança rápida e avisar todos os órgãos envolvidos”, afirmou.

Os boletins e alertas são emitidos periodicamente e, em caso de risco iminente, enviados imediatamente para EDP, Corpo de Bombeiros e prefeituras, permitindo ações de contingência antecipadas.

Essa integração tecnológica deve facilitar o trabalho de previsão e análise, permitindo que alertas sejam emitidos com maior agilidade. O sistema será atualizado continuamente ao longo do verão.

Outro ponto destacado foi o monitoramento constante das áreas de instabilidade que se formam no litoral e avançam rapidamente para o continente. Esse deslocamento costuma provocar pancadas de chuva súbitas em municípios próximos ao mar.

A equipe reforçou que o verão capixaba tem características próprias, com variações bruscas ao longo do dia: sol forte, chuva intensa e vento moderado podem ocorrer em poucas horas. Bernasconi orientou que a população fique atenta às previsões e aos alertas oficiais, especialmente durante passeios, viagens e atividades ao ar livre.

A Defesa Civil reforçou ainda que, em caso de risco iminente, a prioridade é buscar abrigo seguro e evitar áreas vulneráveis, como encostas, margens de rios e vias sujeitas a alagamentos.

Por fim, a EDP destacou que “o fortalecimento das parcerias com instituições públicas e órgãos de emergência é um dos pilares do Plano Verão. A EDP mantém colaboração permanente com a Defesa Civil Estadual e municipais, Corpo de Bombeiros, Polícias Militar e Civil e prefeituras, além de canais exclusivos de comunicação com o poder público”, concluiu Rosi.

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