Empreendedores usam bombons e souvenirs para fortalecer o turismo capixaba

Fotos: Divulgação

A C410 Capixaba é especializada em produzir suvernis com imagens de pontso turísticos do Espírito Santo

Texto: Bruno Caetano

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Tem gente que volta de viagem com a mala mais cheia do que quando foi. Normalmente é o que se leva de volta do local da visita: um presente diferente, um doce local, uma peça que só se encontra ali. No Espírito Santo, esse tipo de lembrança tem ganhado força. E, cada vez mais, quem empreende percebe que não se trata só de vender um produto, mas de oferecer um jeito diferente de fazer o visitante se lembrar daquela viagem especial.

Foi o que entendeu a engenheira civil Tatiane Lima, fundadora da marca C410 Capixaba de souvenirs. A ideia surgiu depois do nascimento do filho, quando ela decidiu pausar a carreira para se dedicar à maternidade. No tempo em casa, começou a produzir itens personalizados e logo percebeu que o mercado de lembranças capixabas era limitado, repetitivo e pouco conectado com o cotidiano das pessoas. “Era como se o Convento fosse nossa única identidade”, lembra.

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A partir disso, Tatiane começou a criar coleções que falam com quem vive no estado e com quem está só de passagem. Nos produtos da C410, aparecem referências como Pedra Azul, Penedo, Guarapari e Jardim de Penha, mas também expressões do dia a dia como “chapoca”, “tauíra” e “pocar”. Tudo isso impresso em cadernos, sacolas, adesivos, pôsteres e outros itens de papelaria pensados para uso prático e afeto duradouro.

Mas o diferencial está no olhar sobre o território. Em vez de reproduzir ícones turísticos prontos, a marca busca traduzir experiências locais em pequenos detalhes. “Na coleção da Pedra Azul, por exemplo, colocamos a rota do Lagarto representada por uma linha pontilhada, os termômetros da estrada, o balão que virou atração recente, o morango da colheita, a lavanda dos lavandários. É um jeito de contar a história do lugar dentro do produto”, explica.

Doce vira símbolo da região

Do outro lado de Vitória, na Ilha das Caieiras, o conceito de experiência também virou negócio, e começou dentro de casa. O bombom Caieiras, feito à base de banana e chocolate meio amargo, foi criado pelos irmãos Hudson e Luciano Cerqueira a partir da ideia de desenvolver um produto artesanal com identidade regional e apelo turístico.

Luciano conta que o empreendimento começou na sua casa e hoje ganhou o Estado

“A banana tem tudo a ver com a gente. É abundante, acessível, conhecida por todos os capixabas. E o chocolate meio amargo quebra um pouco o doce, criando um equilíbrio que agrada”, conta Luciano.

No começo, os bombons eram vendidos na rua, diretamente aos turistas que visitavam o polo gastronômico da ilha. A aceitação foi imediata e logo os irmãos passaram a investir em embalagens com imagens do Espírito Santo, transformando o doce em lembrança.

Para além do sabor, Luciano conta que o bombom carrega uma proposta: valorizar a cadeia produtiva local, reconhecer o trabalho de quem planta, colhe e fornece o insumo e, ao mesmo tempo, posicionar o produto como referência de origem capixaba. “A gente usa o selo 100% capixaba, o que cria identificação tanto com quem é daqui quanto com o turista. É uma forma de dar valor ao que é nosso”, diz.

Apoio técnico é necessário para crescer

Por trás de iniciativas como essas, existe uma estrutura de apoio que ajuda a transformar boas ideias em negócios sustentáveis. É o caso do Polo de Referência em Turismo da Experiência, do Sebrae/ES, que trabalha no mapeamento de tendências e no desenvolvimento de soluções específicas para empreendedores do setor.

“O papel do polo é ajudar esses negócios a formatarem produtos com identidade, valor agregado e diferencial competitivo real”, explica Renata Vescovi, gestora da iniciativa. Segundo ela, o maior desafio dos empreendedores é se posicionar no mercado sem perder a autenticidade, algo que o Sebrae busca apoiar por meio de consultorias, capacitações e aproximação com canais de comercialização.

No caso do Bombom Caeiras, por exemplo, a parceria começou antes mesmo da formalização da empresa. “O Sebrae foi essencial desde o início, com orientações sobre abertura de CNPJ, acesso a maquininha de cartão, plano de negócios e até no registro da marca. Até hoje, dificilmente tomamos alguma decisão sem buscar apoio técnico antes”, conta Luciano.

O empreendedor Luciano destaca a importância do apoio do Sebrae desde o início

Já para Tatiane, o Sebrae ajudou a quebrar a ideia de que produtos manuais têm menor valor ou profissionalismo. “Eles entenderam a proposta, validaram o potencial e me incentivaram a seguir com as coleções, mostrando que dá para ser criativo, artesanal e competitivo ao mesmo tempo”, conclui.

Esse crescimento das experiências locais não é por acaso. Nos últimos anos, o Espírito Santo tem apostado em articulações entre o poder público, o setor produtivo e instituições de apoio para dar fôlego aos pequenos negócios ligados ao turismo.

Parcerias entre o Sebrae/ES, a Secretaria de Turismo do Estado (Setur), a Fecomércio-ES e outras entidades estão criando as condições para que empreendimentos como o da Tatiane, da C410 Capixaba, ou o dos irmãos do bombom Caeiras, consigam se estruturar, alcançar novos públicos e ampliar seu impacto.

RESULTADOS – A estratégia tem mostrado resultado. Em 2024, o estado registrou 61.723 empresas voltadas ao turismo, 97,7% delas são pequenos negócios. A oferta de experiências turísticas mais que dobrou, passando de 78 para 179 em um ano.

Além de incentivar novas experiências, o plano também prevê alcançar 500 produtos turísticos formatados até 2026. Parte disso já está em curso, com a realização de press trips, famtours e capacitações voltadas à melhoria da gestão e da divulgação dos destinos.

Assim, negócios como estes, ajudam a redesenhar a forma como o Espírito Santo se apresenta para quem chega e também para quem vive aqui. É uma forma de gerar renda, valorizar a cultura local e mostrar que experiência turística não precisa estar ligada a grandes estruturas. Às vezes, tudo começa com uma boa ideia e um olhar atento para o que já está por perto.

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