Encontro Estadual de Mulheres Cooperativistas do ES reúne mais de 180 participantes
Na última semana, mais de 180 mulheres de 34 cooperativas capixabas participaram do Encontro Estadual de Mulheres Cooperativistas do Espírito Santo. O evento aconteceu no Sesc Guarapari e foi organizado pelo Sistema OCB/ES, com o intuito de promover um espaço de valorização, capacitação e troca de experiências para as mulheres cooperativistas no estado.
Ao longo do evento formam realizadas quatro palestras, dois painéis e um workshop, todos conduzidos por mulheres que se destacam profissionalmente no cenário estadual e nacional.
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O diretor-executivo do Sistema OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira, prestigiou a abertura do encontro e destacou a necessidade de ampliar a participação efetiva das mulheres no cooperativismo. “Temos o desafio de trabalhar o empoderamento das mulheres nas cooperativas, de inseri-las nos processos decisórios. A mulher, seja como cooperada ou colaboradora, tem as mesmas condições que um homem de assumir postos de direção”, provocou.
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A liderança também anunciou duas novidades que irão auxiliar no fortalecimento da participação feminina no coop: a constituição de um Comitê Estadual de Mulheres Cooperativistas do Espírito Santo e a criação do Programa de Formação de Lideranças Femininas do Sistema OCB/ES.
PRIMEIRO DIA – O primeiro dia do encontro teve início com a palestra “O coop em pauta: onde estamos e aonde queremos chegar?”, conduzida pela gerente de Desenvolvimento Cooperativista do Sistema OCB, Débora Ingrisano. A liderança compartilhou informações e números sobre o cooperativismo no mundo, no Brasil e no Espírito Santo e reforçou a meta BRC 1 Tri, que estimula as coops brasileiras a conquistarem R$ 1 trilhão prosperidade até 2027.
Ingrisano também citou números e cenários que evidenciam os desafios da representatividade feminina no país. “Somos a maioria da população brasileira, estudamos mais, chefiamos mais lares e estamos no mercado de trabalho, entretanto ainda ocupamos a minoria dos cargos públicos e de liderança. Além disso, estamos trabalhando mais e ganhando menos”, refletiu.
A palestrante também falou sobre as oportunidades para as mulheres no contexto das cooperativas, novas diretrizes em voga no mercado e na sociedade, a exemplo do ESG e da economia da diversidade. Em complemento, parabenizou o cooperativismo capixaba por ter seu quadro de colaboradores majoritariamente constituído por mulheres.
Na sequência houve uma apresentação sobre o Comitê Nacional de Mulheres do Sistema OCB, o Elas Pelo Coop. O momento foi conduzido por Divani Ferreira, analista de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB, e Nadya Bronelle, coordenadora de Relações Públicas da Cooabriel.
“O comitê é um órgão consultivo que atua como norteador do Sistema OCB para os temas da participação feminina. É um grupo que preza pelo fortalecimento da participação das mulheres no cooperativismo. O propósito maior é que ele contribua com a ampliação da participação das mulheres nas cooperativas e, em especial, nos cargos de liderança”, explicou Divani Ferreira.
Nadya Bronelle falou sobre sua atuação no Elas Pelo Coop, enquanto representante do Espírito Santo no comitê: “Essa indicação não é apenas mérito meu, mas de todas as integrantes do Núcleo de Mulheres Cooperativistas da Cooabriel”, reconheceu. Bronelle também explicou a atuação do comitê, focada em quatro eixos de atuação: elaboração de diretrizes, formação e capacitação, representação institucional e intercooperação.
Em seguida foi a vez do painel “Trajetórias Femininas: mulheres que inspiram e fazem acontecer”. Com a mediação da gerente Débora Ingrisano, três mulheres contaram suas histórias de vida, marcadas pela superação de desafios e a busca constante por oportunidades de crescimento pessoal e profissional.
Uma das painelistas foi Roberta Bispo, diretora presidente da cooperativa financeira Sicoob Servidores. A liderança contou como a vontade de estudar e se profissionalizar a levaram ao cargo que ocupa hoje. “Sou de uma família muito humilde. Vim do interior de Minas Gerais. Me propus estudar porque entendi que essa era a única forma de mudar a minha realidade. Na família da minha mãe sou a primeira mulher que concluiu o ensino superior. Mais tarde, o cooperativismo se tornou a paixão da minha vida”, disse.
Dra. Norma Louzada, diretora administrativo-financeira da Unimed Vitória também enxergou na qualificação um caminho para conquistar o cargo de liderança que assume hoje. Formada em medicina, ela iniciou a sua jornada na gestão em 2019, quando assumiu uma vaga no Conselho Fiscal da Unimed Vitória, tendo feito parte do colegiado também em 2020 e 2022. “Deixei um legado no Conselho Fiscal da cooperativa, que hoje é formado por quatro mulheres e dois homens. O conselho está fortíssimo, ciente do seu papel”, avaliou.
Jacqueline Moraes, secretária estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, falou sobre sua trajetória profissional. Ela trabalhou como camelô quando jovem, concluiu seus estudos na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) e se tornou vice-governadora do Espírito Santo em 2019. “Nasci em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense, com um monte de coisas para dar errado. Porém, eu tinha uma mente empreendedora, que olhava para o problema vendo uma solução. Esse foi o prisma da minha vida, desde muito pequena”, revelou.
Encerrando a programação do primeiro dia, a mentora de líderes e consultora do Sebrae/ES Liana Figueiredo apresentou a palestra “Liderança Criativa”. A palestrante quis despertar nas mulheres uma consciência sobre as habilidades necessárias para liderar de forma dinâmica, criativa e empática. Figueiredo destacou a importância do gerenciamento das emoções e do autoconhecimento. Outras qualidades citadas foram a coragem para assumir o protagonismo, a comunicação não violenta, o senso de comunidade e a mentalidade de crescimento e curiosidade.
SEGUNDO DIA – A segunda parte do encontro iniciou com o painel “Cases que inspiram: núcleos e comitês de mulheres coop”. Foram apresentados exemplos inspiradores que evidenciam o sucesso de núcleos e comitês de mulheres no cooperativismo brasileiro. Foram convidadas para o painel a coordenadora do Núcleo Feminino da Cooabriel, Nadya Bronelle; a assessora de Ação Educativa da Cooperativa Lar, Suzana Piniz; e a coordenadora de Cooperativismo e Ações Sociais da Coagru, Tatiana Duarte.
Bronelle falou sobre a evolução do núcleo da Cooabriel, que agora está estruturado em quatro fases: identificação, preparação e integração, formação e desenvolvimento de lideranças. “Com essa reformulação pretendemos ampliar grupos de mulheres cooperativistas, estimular a participação das mulheres no quadro social da nossa cooperativa, envolver a família e desenvolver competências de liderança nas participantes”, destacou. Como resultado, dos mais de 7 mil cooperados da Cooabriel, mais de mil (14,4%) já são mulheres.
Suzana Piniz compartilhou um case de sucesso da cooperativa agropecuária Lar, que já possui cerca de 48% do seu quadro de cooperados composto por mulheres. Piniz explicou que a coop possui 13 unidades regionais voltadas às mulheres da coop, cujas lideranças compõem um comitê formado por 26 mulheres, sempre com mandato de quatro anos. A assessora também destacou a importância da cooperação entre as mulheres. “Precisamos ser fortes e nos unir. Perfeição não há e isso é humano, mas a gente precisa se unir pelo melhor, pensando sempre na família, na harmonia e no melhor para todas nós”, disse.
A coordenadora da Coagru Tatiana Duarte apresentou a história da cooperativa agropecuária e explicou o papel do programa Coopermulher, que desenvolve ações junto ao público feminino da Coagru, fomentando o desenvolvimento pessoal e social das mulheres vinculadas à coop. Um dos resultados já conquistados foi a garantia de pelo menos uma vaga destinada a mulheres no Conselho Administrativo da Coagru, após uma reformulação do estatuto social da cooperativa. “Queremos oportunizar o protagonismo das mulheres, para que elas estejam à frente, tomando posse dos lugares que pertencem a elas, seja na propriedade, junto às famílias ou dentro da cooperativa”, detalhou.
Ao final da atividade, as participantes puderam fazer perguntas para as painelistas relacionadas ao fomento da participação feminina no cooperativismo e à constituição de núcleos e comitês.
Em seguida foi realizado o workshop “Liderança Feminina em Ação”, com a psicóloga Cyndia Bressan, profissional que possui mais de 24 anos de atuação em empresas e cooperativas nacionais. O propósito da atividade foi desenvolver habilidades de liderança feminina. As participantes elaboraram um plano de ação individual para colocar em prática as ações de mudança que precisam desenvolver. Durante o exercício, as mulheres puderam identificar suas crenças limitantes e substituí-las por fortalecedoras, bem como alinhar seus valores e propósitos.
Durante a tarde ocorreu a palestra “Governança Cooperativa e o Estímulo ao Protagonismo Feminino”, apresentada pela mestra em Educação Rejane Novelho, que acumula mais de 15 anos de experiência no cooperativismo. Rejane explicou que a governança cooperativa é uma forma de direção estratégica, fundamentada nos valores e princípios cooperativistas.
“Esse modelo estabelece práticas éticas visando garantir a consecução dos objetivos sociais e assegurar a gestão da cooperativa de modo sustentável em consonância com os interesses do cooperado”, conceituou. A palestrante também reforçou os princípios da governança cooperativa, que são autogestão, senso de justiça, transparência, educação e sustentabilidade.
Encerrando o encontro, foram sorteados três ingressos para o Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas (ENMCOOP) 2023, que ocorrerá ente 21 e 23 de novembro em alto-mar. O requisito para participar do sorteio foi a conclusão de uma trilha de capacitação na plataforma CapacitaCoop, divulgada previamente pelo Sistema OCB/ES para as mulheres inscritas no Encontro Estadual de Mulheres Cooperativistas do Espírito Santo.
Fonte: Sistema OCB-ES
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