Entidade analisa o impacto do aumento dos combustíveis na economia brasileira

O aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobras impacta diretamente a economia brasileira. Essa é a análise feita pelo diretor executivo da Associação Brasileira dos Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres (AbriLivre), Rodrigo Zingales.

Para a AbriLivre, a elevação dos preços do diesel e da gasolina ocasiona uma cadeia de aumentos e, consequentemente, uma maior inflação no Brasil. “Esse aumento do combustível no mercado tem de ser olhado por dois aspectos distintos. O primeiro é do ponto de vista macro. Com o aumento do combustível, a tendência é que haja um aumento da inflação, exatamente porque o Brasil é um país onde a maioria dos produtos é transportada por meio rodoviário. Aumentando o preço do diesel, eleva-se também o custo do frete e, consequentemente, o preço de todos os produtos comercializados no país. A tendência é, portanto, que esse aumento acabe gerando inflação e, com isso, menos investimentos, aumento do desemprego e o risco de entrarmos em novo ciclo de recessão”, afirma o diretor executivo, Rodrigo Zingales.

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Do ponto de vista micro, o diretor da associação reforça que os consumidores e os donos de postos de combustíveis também são prejudicados. “O dono do pasto pagará mais caro pelo combustível adquirido junto às distribuidoras e, portanto, terá que repassar a elevação desse preço aos consumidores. Esta elevação de preços ainda acarretará redução na demanda por combustíveis e, portanto, menor receita para os postos e maior dificuldade para pagar suas contas. Segundo dados da ANP, a margem bruta média (ou seja, a diferença entre o preço que o posto compra da distribuidora e vende para o consumidor final) é de cerca de R$ 0,40 por litro. Com a queda de volume nas vendas, cai a receita e o posto corre o risco de fechar suas portas, como vimos ocorrer em muitas cidades do nosso país, durante a pandemia da Covid-19 e o lockdown implementado nesse período”, completa.

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O diretor executivo comenta também os motivos para o aumento de preços pela Petrobras: “A principal razão para os aumentos excessivos e sucessivos está na política de preços de PPI implementado pela Petrobras nos últimos sete anos. Essa política se baseia na paridade do preço internacional do petróleo e não nos custos de extração, refino e comercialização da empresa. Então, se por exemplo, a Petrobras gasta US$ 30 por barril para extrair e refinar o petróleo e comercializar a gasolina e o diesel refinado, e se o preço internacional do petróleo está em US$ 110, como hoje, em vez de cobrar no mercado interno o seu preço com base nos seus custos, mais uma margem de lucro razoável, ela define o seu preço com base no valor internacional do barril. Isso eleva as receitas e lucros da Petrobras, favorecendo seus acionistas, no entanto, prejudicando a população brasileira que acaba pagando o preço internacional mesmo tendo produção nacional com custos em Real”, afirma.

Como forma de justificar os valores, a Petrobras afirma não ter condições de atender 100% da demanda brasileira por gasolina e diesel. Os dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que a Petrobras, atualmente, tem atendido cerca de 80% de toda a demanda de diesel e gasolina do país a partir de sua produção nacional e os 20% restantes vêm da importação pela Petrobras e agentes privados instalados no Brasil.

“A Petrobras e seus acionistas poderiam fazer um pacto com a população brasileira e passar a fixar seus preços baseado em seus custos e com uma margem de lucro razoável. Por exemplo, se o custo de produção é de US$ 30 e de compra do petróleo internacional, de US$ 110, o custo da Petrobras para atender 100% da demanda seria de US$ 46 (US$ 24 + US$ 22). Se considerarmos uma margem de lucro para os acionistas de 50% (o que é bem razoável), o preço final da Petrobras ficaria, em dólar e por barril, em US$ 69. Ou seja, bem inferior aos US$ 110 internacional”.

Além disso, Zingales pontua a elevada carga tributária brasileira como outro problema sério, explicando que o congelamento do valor do ICMS para a média dos últimos 60 meses, também poderá trazer benefícios para um processo de redução dos preços.

Ele alerta, porém, que o fato de os postos estarem obrigados a adquirir diesel e gasolina de distribuidoras e de a concorrência nesse setor ser limitada, às tentativas de redução dos preços podem não chegar integralmente aos donos de postos e, consequentemente, aos consumidores finais.

Zingales explica que embora haja no mercado de distribuição brasileiro cerca de 150 distribuidoras instaladas, este mercado é controlado, na verdade, por três grandes empresas, que juntas correspondem a mais de 65% de toda a oferta de combustíveis no país e que aproximadamente 50% dos postos estão vinculados a estas por contratos de exclusividade.

“Ou seja, diferentemente do que ocorre no mercado da revenda, onde o consumidor tem ampla gama de oferta para definir o posto onde abastecerá seu veículo, metade dos postos brasileiros estão obrigados a pagar o preço definido pela distribuidora a qual se encontra vinculado, o que limita em muito a possibilidade desses postos reduzirem seus preços aos consumidores finais”, esclarece o diretor da AbriLivre.

Ainda segundo Rodrigo, estudos da própria ANP mostram que em uma mesma localidade, postos vinculados à mesma bandeira podem pagar até R$ 0,20 ou R$ 0,30 mais caro, o que acaba gerando grande a distorção nos preços praticados aos consumidores e até mesmo à concorrência no mercado da revenda.

Fonte: AbriLivre

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