Entidades lamentam morte de ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli

Foto: Divulgação/ABAG

Internado há alguns dias, o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, morreu, nesta quinta-feira (29). Recentemente, ele passou por uma cirurgia de implante de quadril, porém, desenvolveu uma doença respiratória grave e contraiu pneumonia, o que afetou gravemente sua saúde. Apesar dos esforços médicos, seu estado debilitado acabou levando ao seu falecimento.

“A contribuição de Paolinelli para a agropecuária e para o Brasil eternizam sua existência e fazem renascer a cada dia seu espírito inovador”, lamentou o atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em nota oficial. A Pasta manifestou solidariedade e condolências aos familiares e amigos.

Entidades ligadas ao setor agrícola lamentaram a morte de Paolinelli. O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), representado pelo seu presidente, José Otávio Menten, e por todos os membros deste conselho, publicou uma nota de pesar pelo falecimento do ex-ministro, que tinha 86 anos.

“A comunidade científica, o setor agrícola e toda a sociedade brasileira perdem um grande líder e defensor da agricultura sustentável. Alysson Paolinelli deixa um legado inestimável para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, com suas contribuições para o aumento da produtividade, a preservação ambiental e o combate à fome”, escreveu a CCAS.

Alysson Paolinelli desempenhou um papel crucial na transformação da agricultura no Brasil. Sua trajetória é caracterizada por um compromisso incansável com o crescimento sustentável do setor agrícola. Como engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura de Lavras, Paolinelli assumiu a posição de Secretário de Agricultura de Minas Gerais em 1971. Ele enfrentou o desafio de promover uma nova abordagem produtiva baseada em tecnologia e políticas de crédito para impulsionar a modernização.

Ao longo de sua carreira, Alysson Paolinelli serviu como Ministro da Agricultura em três ocasiões: de 1974 a 1979, de 1991 a 1994 e de 1995 a 1998. Durante seu mandato, ele implementou políticas e estruturas governamentais que possibilitaram a expansão da revolução agrícola tropical sustentável no Brasil. Um de seus feitos notáveis foi a fundação e fortalecimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), atraindo profissionais qualificados das universidades e órgãos de assistência técnica.

Como deputado constituinte, Paolinelli contribuiu para a inclusão dos princípios de uma agricultura competitiva, sustentável e inclusiva na Constituição Federal do Brasil. Sua dedicação em transformar terras inférteis do Cerrado em áreas agrícolas produtivas foi reconhecida internacionalmente em 2006, quando recebeu o Prêmio Mundial da Alimentação, também conhecido como o “Nobel” da Agricultura.

Além de suas realizações no campo político, Alysson Paolinelli presidiu a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e o Instituto Fórum do Futuro. Seu trabalho incansável e dedicação ao avanço da agricultura sustentável serviram de inspiração para gerações de profissionais do setor. Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2021 e 2022, sendo criada, inclusive a Rede Paolinelli, que reuniu instituições do mundo acadêmico e do agronegócio com o propósito de coordenar e estimular o engajamento na indicação do ex-ministro da Agricultura ao prêmio.

A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) também lamentou o falecimento. “É imensa a tristeza da perda de um homem extraordinário, revolucionário e pai da conversão de um país importador de alimentos para um dos maiores exportadores mundiais. Engenheiro agrônomo, Paolinelli foi uma das pessoas mais importantes para o agro brasileiro, como promotor do modelo de agricultura tropical sustentável que transformou o país em uma potência agroalimentar mundial”, enfatizou a entidade, em nota.

Paolinelli teve atuação destacada no comando de uma importante entidade setorial, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). No 5º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado pela ABAG em 2006, Paolinelli foi homenageado com o Prêmio Ney Bittencourt de Araújo – Personalidade do Agronegócio.