Guia aponta caminhos para tornar cidades mais sustentáveis
Diante dos desafios para alinhar as demandas de desenvolvimento com as políticas de sustentabilidade, pesquisadores da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ao lado da organização Governos Locais para a Sustentabilidade (ICLEI) e de outros parceiros, criaram o Guia de Infraestrutura Verde e Azul. O objetivo é apresentar um passo a passo de como tornar as cidades sustentáveis, com foco em melhorar a governança local em relação a três fatores-chave: alimentação, água e energia.
De acordo com o pesquisador à frente do projeto, José Puppim, a urbanização acelerada sem planejamento, as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade podem gerar insegurança alimentar e escassez de água e energia, uma vez que o consumo desses três elementos aumentará significativamente nas próximas décadas. “Esses são alguns dos temas que mais preocupam a população mundial na atualidade e que podem gerar grandes consequências para os próximos anos, principalmente dentro das cidades”, disse Puppim à assessoria de imprensa da FGV.
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A elaboração do Guia de Infraestrutura Verde e Azul foi apoiada pelo JPI Urban Europe e Belmont Forum, programa que congrega 30 financiadores, englobando diversos projetos para tornar as cidades sustentáveis por meio das infraestruturas verde e azul. A participação da FGV é direcionada para a governança, ou seja, focada em entender como os municípios estão lidando com os sistemas de alimentação, água e energia e como melhorar a gestão desses recursos.
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O estudo liderado pela FGV faz parte de um projeto maior, o Iniciativas Inovadoras para Governar Água, Alimentos e Energia em Cidades (IFWEN), que conta com apoio da FAPESP.
ENTENDENDO CONCEITOS – Para melhor compreender o guia, diz Puppim, é necessário entender o que são as infraestruturas “verdes” e “azuis” e por que esses elementos foram selecionados como parâmetros. “Se a infraestrutura verde é mais voltada para florestas e agricultura urbanas, telhados verdes, plantações nas ruas, conservação de áreas etc., a infraestrutura azul é voltada para o sistema de águas urbanas, como regiões urbanas alagadas, lagos e lagoas, rios urbanos, ecossistemas da costa, a exemplo de mangues e baías, o sistema de drenagem urbano, entre outros.”
O pesquisador também explica a importância dos três sistemas que compõem o projeto: “É estimado um aumento grande no consumo tanto de alimentos, quanto de água e energia para os próximos 50 anos e boa parte desse consumo vem das cidades. Em termos de governança, fica evidente que as cidades costumam ter pouca gestão desses sistemas. Por exemplo, grande parte dos alimentos vem de fora das cidades, a gestão do sistema hídrico costuma ser estadual, enquanto a de energia, federal. Assim, fica evidente como as cidades possuem pouca governança sobre os sistemas”, afirmou.
O Guia de Infraestrutura Verde e Azul propõe melhores práticas de governança em categorias como provisionamento (serviços de água, medicinais, matérias-primas), regulação (temperaturas locais, índices de carbono, desperdício de água) e cultural (recreação, saúde, estética), além de servir de suporte para a preservação de espécies e seus hábitats nas cidades. Os temas abordados estão alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).
O guia é voltado para comunidades, governos, líderes e pesquisadores e utiliza-se da integração do conhecimento sobre os sistemas de alimentos, água e energia, e a sua melhor administração, para evitar desperdícios e gerar políticas públicas. No total, dez cidades ao redor do mundo foram inicialmente selecionadas pelos pesquisadores para aplicação das diferentes lições.
A expectativa é que mais de 30 cidades utilizem o material, entre elas, no Brasil, estão São José dos Campos (SP) e Florianópolis (SC).
Fonte: Agência FAPESP
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