Indicações geográficas estimulam produtividade com sustentabilidade socioambiental
Indicações geográficas são conhecidas por muitos predicados: agregam valor ao produto, melhoram a remuneração ao produtor rural e artesão, representam a cultura de uma região e protegem a biodiversidade local, enquanto promovem cadeias de produção mais inclusivas e justas à comunidade. A sustentabilidade socioambiental das IGs foi o foco dos painéis da manhã de ontem (9), no V Evento Internacional de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas – Origens Brasileiras, realizado pelo Sebrae em Curitiba.
Comumente associada ao meio ambiente, sustentabilidade também é a palavra-chave para definir o que as IGs promovem socialmente. Afinal, cultivo, beneficiamento, comercialização e demais etapas na fabricação de um produto são resultado de um trabalho coletivo. “Não pode ser apenas narrativa, tem que ser ação, senão a IG não existe de verdade fora do papel”, defende Juliano Tarabai, representante da DO Cerrado Mineiro.
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Com os objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) como norte, as associações de produtores e entidades de gestão dos selos de procedência podem construir suas políticas de funcionamento e desenvolver seu entorno com justiça social e ambiental aliada à produtividade e qualidade. Nisso, o exemplo da União Europeia e seus países integrantes podem ajudar, uma vez que têm mais experiência.
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“Parcerias entre o Brasil e programas internacionais de fomento ao desenvolvimento de IGs proporcionam o compartilhamento de nossa experiência e know-how em desenvolvimento de terroir com sustentabilidade”, disse Renaud Gaillard, conselheiro-regional de propriedade intelectual da Embaixada da França no Brasil.
Mariano Riccheri, representante da Al-Invest Verde, complementou: “Podemos contribuir com a transmissão de como colaboram diferentes stakeholders em outros países”. A Al-Invest Verde é um programa financiado pela União Europeia para implementar práticas sustentáveis com baixa pegada de carbono e promover o crescimento das micro, pequenas e médias empresas na América Latina. “O que vemos em programas internacionais de fomento como a Al-Invest Verde é que conseguimos aproximar organizações com objetivos afins ou mesmo ver nascer novas entidades”, disse.
Exemplo no Brasil
A DO Cerrado Mineiro é um exemplo de produtividade com sustentabilidade no Brasil: atingiu a marca de um milhão de sacas de cafés comercializadas neste ano. Mais de 10 organizações trabalham em conjunto para promover o café da região, sendo sete delas cooperativas para comercialização dos produtos e uma delas, uma fundação que faz pesquisas e embasa o conteúdo da IG, e uma federação que promove e representa a marca. “O trabalho é coletivo. Para ter equilíbrio e funcionar de fato, uma IG precisa de governança, ter consenso entre os integrantes. Se não, cada um puxa para um lado”, analisa Tarabai.
Ambientalmente, a DO Cerrado Mineiro firma compromissos com diversas organizações, como a com o Consórcio Cerrado das Águas, que cuida da qualidade das águas das bacias hidrográficas da região, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, que trabalha com a qualidade genética das plantas. Como parte de devolver ao entorno e “semear” o futuro, a DO promove um concurso de ideias transformadoras de ação social com as crianças e adolescentes da região, o Troféu Escola de Atitude.
DEMODAY – O evento começou com o Demoday, em que startups e empresas apresentaram estratégias para a diferenciação dos produtos de pequenos produtores na gôndola do varejo. “Tão importante quanto a qualidade do produto é saber comunicar o seu diferencial ao consumidor”, pontua Hulda Giesbriecht, analista de inovação do Sebrae.
Fazem parte dessa comunicação o tipo da embalagem, as cores, o texto que acompanha o rótulo e a campanha de promoção. Gabriela Marques, sócia da PolvoLab, chama de “sofisticar o produto”. “Rodamos o Brasil atrás de produtos únicos que podem ter escala e aumento de pontos de venda. Fazemos um trabalho de pesquisa de mercado para entender o que o consumidor quer e como podemos trabalhar o produto em questão para que ele se destaque”, explicou Gabriela.
O esforço é justificado. Atualmente, são mais de 117 mil produtos disputando espaço nas gôndolas dos mercados, segundo dados da NielsenIQ. Em 2021, foram postos mais de 18 mil novos produtos a venda no varejo, uma variedade que, mesmo vultuosa, ainda é pouca dada a quantidade de produtos de qualidade ainda “escondidos” no Brasil. “O consumidor brasileiro mudou. Há algumas décadas, o brasileiro não estava disposto a comprar novas marcas. Pesquisa da Local identificou que agora ele está mais disposto a experimentar e também a conhecer marcas de pequenas empresas, desde que ele conheça a história”, frisou Leila Okumura, da Local.
Fonte: Sebrae
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