Planejamento nutricional: quando fazer e as consequências para o rebanho

Julliano Pompei é produtor rural, médico veterinário, mestre em Ciência Animal e coordenador técnico do Departamento de Nutrição Animal  

A atividade pecuária exige uma atenção constante do produtor durante todo o ano, pois ela não se desenvolve de um modo nativo. Produzir bois para o abate ou leite, exige conhecimento e muito manejo do rebanho e, com a aproximação da seca, essa atenção tem que ser redobrada. É fato que a mudança do clima não acontece em todas as regiões do País, ao mesmo tempo. No Sudeste, costuma ser em meados de maio, e vai até final de agosto, ou início de setembro. Já na região Sul, não chove desde final de dezembro de 2019, enquanto no Nordeste está chovendo, ainda, e assim por diante.

Por isso, as dificuldades dos produtores, quando decidem elaborar um planejamento nutricional, não são poucas, nesse período. O médico veterinário e técnico do Departamento de Nutrição do Grupo Matsuda, Julliano Pompei , explica que o período de seca é uma transição conhecida pelos pecuaristas do Brasil, o que não quer dizer que seja simples enfrentá-la, principalmente, se o produtor não lançar mão das ferramentas adequadas. “O importante é lembrar que nesse período nossas pastagens reduzem, acentuadamente, o seu crescimento, proporcionando um menor volume de pasto aos animais”, assinala. “Entretanto, além dessa sazonalidade na produção, o que vem de fato, limitar o bom desempenho dos animais criados em pastos, no período de seca, é a própria concentração dos nutrientes”. 

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Pompei explica que é comum e esperado em pastagens tropicais que, com a entrada do período seco, ocorra uma queda gradativa nas concentrações de alguns nutrientes, vitais para os ruminantes, como proteína bruta (PB) que pode apresentar uma redução de até 50%, os macro e micro minerais com queda em até 80%, e também da energia, em menor proporção, porém não menos importante de até 20%.

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“Se não bastasse esta perda dos valores nutricionais, como forma de ‘proteção’, ocorre um aumento da fração fibrosa, deixando esses materiais com uma menor digestibilidade, aumentando, assim o tempo de passagem do alimento pelo trato digestório dos animais, onde teremos, como consequência, uma redução da ingestão do alimento”, observa o especialista. “Não há o que ser feito para evitar essas alterações em nossos capins, uma vez que são fatores fisiológicos das plantas em países tropicais como o Brasil. Porém podemos e devemos garantir um bom volume de pasto para os animais neste período, uma vez que a correção dos valores nutricionais em si, é algo mais fácil de se obter”, adverte. 

Para garantir uma boa oferta de pasto, sabendo que o capim passará a reduzir o seu crescimento e até mesmo não crescer durante o período, o pecuarista deve reduzir a taxa de lotação de seus pastos, ainda no final do período chuvoso e, se possível ainda realizar uma adubação de cobertura, aproveitando as últimas chuvas para obter um maior volume de capim, ou mesmo “bucha, massega”, como é chamado pelos produtores. “O importante é que as pastagens tenham uma boa relação de folha/talo, o que quer dizer que precisamos ter folha, muita folha de capim reservados para o período seco pois, sem dúvida esse será o alimento mais barato desse período”, ressalta Pompei. 

 PLANEJAMENTO – Sabemos que no Brasil apenas 50% dos produtores se preparam para a chegada da seca, daí a importância das empresas fabricantes de suplementos minerais se dedicarem não somente ao aprimoramento da qualidade do produto, mas também à prestação de serviços, pré e pós-vendas, orientando os pecuaristas antes de adquirí-los, bem como depois, para fornecê-los corretamente aos seus rebanhos. Mas como elaborar esse planejamento? 

“Antes de mais nada, precisamos ter os números da propriedade nas mãos”, responde Pompei, ressaltando que não é nada difícil elaborá-lo, desde que você saiba onde está, o que tem para fazer e para onde precisa ir.

“A nutrição animal segue os mesmos princípios há décadas e o que precisamos fazer é respeitar a fisiologia dos animais, fornecendo-lhes o que sua genética exige, o que nem mesmo as melhores forragens conseguem”, afirma, lembrando que os produtores precisam ficar atentos  às adversidades climáticas pois, dentro do nosso país, existem ‘diversos continentes’ com climas variados, o que afeta, diretamente, a qualidade do que os animais irão ingerir.

“Essas dificuldades podem ser transpostas com uma boa suplementação, seja apenas mineral, ou mineral proteica, e/ou mineral proteica energética ao longo do ano”, diz o médico veterinário, informando que o produtor pode encontrar no mercado diversos tipos de suplementos específicos para cada situação, época do ano e categoria animal.

“Com a suplementação correta fornecemos proteína, energia e os minerais fundamentais para favorecer a multiplicação da microbiota ruminal”, explica.  “Com um bom planejamento, podemos auxiliar os produtores rurais tanto de corte como de leite, a manterem suas lucratividades ao longo de todo o ano, participando, assim das oscilações positivas dos preços de arroba e dos litros de leite na chamada entressafra da produção em pasto”, observa Julliano Pompei. 

Texto:  Marisa Rodrigues

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