Plantio adensado: a estratégia que turbina a produtividade do café arábica
Uma pesquisa do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) revelou uma estratégia eficiente para aumentar a produtividade do café arábica logo na primeira colheita, reduzindo custos com adubação. O estudo demonstrou que o plantio adensado – com menor espaçamento entre as plantas – melhora o aproveitamento do fertilizante nitrogenado e pode até dobrar a produção por hectare.
O experimento, conduzido em uma propriedade rural de Brejetuba, no Espírito Santo, teve como objetivo avaliar a produtividade, o aproveitamento do nitrogênio (N) e o retorno econômico da adubação nitrogenada em regiões montanhosas. Foram testados diferentes espaçamentos de plantio – convencional, adensado e superadensado – e distintas doses de fertilizante.
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Os resultados foram animadores. Com maior densidade de plantas por hectare, houve um aumento na concentração de raízes no solo, melhorando a absorção de nutrientes, especialmente do nitrogênio. Além disso, o plantio adensado contribui para um microclima mais equilibrado, retendo umidade e reduzindo a perda de nitrogênio por lixiviação (quando o nutriente se desloca para camadas mais profundas do solo) e volatilização (quando é perdido na forma gasosa). Com menos desperdício, a adubação se torna mais eficiente e sustentável.
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O impacto foi direto na produção. “Demonstramos que, com o plantio mais adensado, o cafeicultor pode chegar a dobrar a produtividade do café já na primeira colheita, utilizando a mesma quantidade de fertilizante nitrogenado de uma lavoura convencional. Esse é um grande benefício, tanto para a rentabilidade quanto para a sustentabilidade da cafeicultura”, explica o pesquisador do Incaper, André Guarçoni.
Mais lucro com menos fertilizante
Outro ponto importante da pesquisa foi a análise do retorno econômico. Apesar de o plantio adensado combinado com doses mais altas de nitrogênio gerar maior renda bruta, o melhor retorno sobre o investimento – ou seja, maior lucro por real investido – foi alcançado com menores doses de fertilizante no plantio adensado. Isso porque, nessa condição, o aproveitamento do fertilizante é maior, impulsionando a produtividade e reduzindo custos desnecessários.
Ureia comum ou protegida?
A pesquisa também comparou o desempenho de dois tipos de ureia – um dos fertilizantes nitrogenados mais utilizados no Brasil: a ureia comum e a ureia protegida (que contém um inibidor de urease para minimizar perdas de nitrogênio).
Os testes indicaram que, em plantios convencionais, a ureia protegida foi mais eficiente, evitando perdas por volatilização. No entanto, em lavouras adensadas, a ureia comum apresentou desempenho semelhante à protegida, o que significa que os cafeicultores não precisam investir em fertilizantes mais caros nessa condição, reduzindo ainda mais os custos de produção.
O estudo foi financiado pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa do Café, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), e os resultados foram publicados na revista científica Scientia Plena.
Para conferir o artigo completo, acesse: https://www.scientiaplena.org.br/sp/article/download/7493/2755/37206.
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