Projeto da NetZero em parceria com a Coocafé transforma palha de café em biochar

O termo biochar é a união das palavras em inglês biomass (biomassa) e charcoal (carvão), e identifica um biocarvão obtido pela pirólise (queima) de biomassa de origem animal ou vegetal, em baixas quantidades ou ausência de oxigênio.

Um encontro em Lajinha, região das Matas de Minas, em Minas Gerais, entre as equipes da Coocafé e da start-up francesa NetZero, simbolizou o primeiro passo de um projeto inédito no Brasil que visa implantar no município um sistema que produz biochar utilizando a palha do café. Esse nome, em linhas gerais, significa carvão biológico. Ele tem propriedades que geram no solo um ambiente propício a microrganismos que levam nutrientes até a planta, o que o torna um potente fertilizante.

Um dos grandes desafios da produção cafeeira para a redução de impactos ambientais é a destinação que se dá à palha de café. A prática da queima acaba por ser comum, porém ela é altamente poluente e vem sendo coibida pelos órgãos ambientais. A proposta é que, com a implantação da fábrica em Lajinha, os produtores cedam a palha de café, que será processada e transformada no biochar e também em energia. O diretor técnico da NetZero França e presidente da NetZero no Brasil, Pedro Figueiredo, explica os detalhes e enumera as vantagens ao produtor.

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“O biochar utilizado como fertilizante pode aumentar em até 30% a produtividade na lavoura, o que significa um ganho financeiro muito grande”, destaca Figueiredo, que pautou em pesquisas científicas esse número. Além disso, ele ressalta que a utilização dos fertilizantes tradicionais representa quase 90% de toda emissão de gás carbônico da cadeia produtiva do café. A substituição de parte desse fertilizante pelo biochar significa também um importante avanço para a redução dessa emissão.

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“A proposta do projeto é ceder ao produtor que disponibilizar sua palha um percentual que pode chegar a 50% do biochar gerado. Isso sem nenhum custo a ele”, diz o diretor técnico da NetZero. “A outra parte será disponibilizada a um preço muito inferior ao de mercado. Enquanto o nosso custo será de R$ 3,00 o quilo, lá fora esse valor gira em torno dos R$ 25,00”, comenta. “E o outro ganho será em energia elétrica gerada pelo processo de queima do gás do biochar. Vamos reverter entre 30 e 50% ao produtor”, conclui.

Para o diretor presidente da Coocafé, Fernando Cerqueira, o projeto é vantajoso em diversos aspectos. “Dentro do nosso propósito, temos como objetivo garantir a sustentabilidade do produtor, família e comunidade. E uma das grandes preocupações da humanidade é o aquecimento global. Esse projeto visa justamente fazer o sequestro de carbono através desse processo especial com a palha”, comenta Cerqueira. “Isso gera uma cadeia onde o produtor ganha e a humanidade inteira ganha, por isso nós abraçamos a ideia”, prossegue o diretor da cooperativa ao comentar sobre os impactos também gerados à região com a atração de investimentos, geração de emprego e renda para as pessoas por meio da implantação da fábrica. “Entendemos que é ousado e temos a possibilidade de ser a primeira fábrica no Brasil de biochar. E a médio prazo, vejo que o produtor poderá também ter o seu selo de Carbono Zero, algo que o mercado vem perseguindo muito”, finaliza.

“Nós conhecemos a Coocafé e vimos o grande potencial da cafeicultura aqui na região”, acrescenta Pedro Figueiredo. “A produção condiz com a necessidade que temos de palha para viabilizar a fábrica e a Coocafé tem uma estrutura muito organizada. Acho que temos muito a ganhar”, finaliza.

A NetZero foi fundada na França com propósito de promover ações de apoio aos organismos internacionais na luta pela redução dos impactos do efeito estufa na terra. Recentemente a instituição foi contemplada por uma iniciativa da Fundação Musk, do empresário sul-africano Elon Musk, que premia iniciativas de remoção de carbono da natureza. Dentre milhares de projetos, o da NetZero foi selecionado para receber o valor de US$ 1 milhão, que será aplicado em fábricas de biochar em uma série de países. A Coocafé se orgulha pela possibilidade de protagonizar, ao lado da NetZero, essa iniciativa pioneira no Brasil.

Fonte: Coocafé

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