Representantes do café solúvel brasileiro lamentam a manutenção da tarifa dos EUA

Foto: Freepik

Na noite da última quinta-feira (20), foi anunciado, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a retirada da tarifa de 40% sobre produtos brasileiros, como café, carne, frutas, pimenta-do-reino e diversos outros. Entretanto, a tarifa extra para o café solúvel ainda foi mantida.

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Diante disso, a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), que representa 100% da produção de Café Solúvel do Brasil, publicou um manifesto sobre seu posicionamento em relação à recente modificação da Ordem Executiva 14.323, de 30/07/2025, pelo governo dos Estados Unidos, de 20 de novembro de 2025, que modifica o escopo das tarifas adicionais impostas sobre certos produtos brasileiros.

O café solúvel brasileiro é o 13º produto de exportação do agronegócio nacional, destinado a mais de 100 países e rendendo divisas anuais de US$ 1,1 bilhão, segundo informou a ABICS.

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“Embora celebremos a reversão das tarifas para outras categorias agrícolas, a ABICS lamenta profundamente que o café solúvel brasileiro, um produto de importância histórica e econômica fundamental para ambos os países, tenha sido mantido na lista de produtos sujeitos à taxa adicional de 40% ad valorem, que totaliza 50% quando somadas aos 10% de tarifas recíprocas que prevalecem sobre o solúvel”, destacou a entidade.

O comunicado ainda destaca os impactos já causados ao setor desde a implementação do tarifaço, em agosto de 2025. Alguns dos problemas que a indústria de café solúvel brasileira tem enfrentado são:

Queda abrupta nas exportações: os embarques de café solúvel do Brasil para os EUA sofreram uma redução de mais de 52% em volume desde agosto, demonstrando o efeito direto e imediato da medida tarifária;

Perda de liderança histórica: os Estados Unidos sempre foram o maior e mais tradicional mercado para o café solúvel brasileiro, uma parceria que remonta à década de 1960. Historicamente, o café solúvel do Brasil representou uma parcela significativa do consumo americano. Em 2024, por exemplo, o produto nacional correspondia a impressionantes 38% das importações totais de café solúvel dos EUA;

Impacto financeiro e competitivo: atualmente, o mercado americano representa cerca de 20% do volume total das exportações brasileiras de solúvel, gerando receitas anuais de aproximadamente US$ 200 milhões, o equivalente a 800 mil sacas de café. A manutenção da tarifa inviabiliza a competitividade do produto brasileiro, favorecendo outras origens;

De acordo com a ABICS, diante da reconfiguração do mercado global “a dimensão do impacto é tamanha que, pela primeira vez na história, as estatísticas de exportação de solúvel de outubro revelaram que os EUA deixaram de ser o primeiro destino do produto brasileiro, com a Rússia assumindo essa posição”.

Risco de perda permanente de mercado

A entidade alerta que o mercado dos EUA é de vital importância estratégica para o Brasil. “A ABICS alerta para o risco iminente de que o café solúvel brasileiro seja permanentemente substituído por produtos de outros destinos nas prateleiras dos supermercados americanos. E, uma vez perdida essa fatia de mercado e a lealdade do consumidor, a recuperação futura será uma missão extremamente difícil, com perdas duradouras para toda a cadeia produtiva nacional, desde os cafeicultores até as indústrias e seus trabalhadores”.

Compromisso com a negociação contínua

Apesar do revés, a ABICS reiterou seu compromisso com a continuidade das negociações. “Estamos mobilizados e engajados em todas as frentes diplomáticas e comerciais para buscar a isenção completa do café solúvel das tarifas adicionais. Contamos e agradecemos o apoio fundamental do Cecafé, bem como o engajamento de nossos valiosos clientes e parceiros americanos, incluindo a National Coffee Association (NCA), no reconhecimento da importância do café solúvel brasileiro”, destacou a nota.

A entidade enfatizou que continuará trabalhando incansavelmente com os governos do Brasil e dos EUA, fornecendo informações estratégicas e demonstrando a interdependência e a parceria histórica que sempre caracterizaram a relação comercial do café entre nossas nações. “Acreditamos, por fim, que, através do diálogo e da colaboração, será possível alcançar uma solução que beneficie o consumidor americano, a indústria brasileira e os produtores de café do Brasil”, finalizou a entidade.

Fonte: Abics

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