Ufes cria sistema com IA para avaliar qualidade do café

Foto: Freepik

Um novo sistema criado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) promete revolucionar a forma como se avalia a qualidade do café. A partir do uso de inteligência artificial e processamento digital de imagens, a ferramenta é capaz de estimar a nota sensorial dos grãos recém-colhidos, antes mesmo de passarem pelas etapas tradicionais de secagem, torra e moagem.

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A tecnologia ainda está em fase de prototipagem, mas o modelo computacional já está pronto. O objetivo é facilitar a vida dos cafeicultores, permitindo identificar, ainda no campo, quais lotes têm potencial para se tornarem cafés especiais. O projeto é coordenado pelo professor Samuel Silva, do Departamento de Engenharia Rural da Ufes, campus de Alegre, e utiliza um sistema de aprendizado por reforço que analisa características visuais dos grãos cereja por meio de uma câmera com iluminação controlada e sensor RGB.

Para treinar o sistema, foram utilizados dados de grãos com qualidade sensorial previamente conhecida, oriundos de lavouras do Espírito Santo e de Minas Gerais. Essa base de dados serviu para alimentar o modelo com exemplos de cafés de diferentes notas e perfis, criando uma biblioteca robusta para a classificação automática.

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O grande diferencial da ferramenta está na agilidade. Enquanto o método tradicional depende de todo o beneficiamento do café e da avaliação sensorial feita por provadores experientes, o novo sistema consegue antecipar o potencial da bebida assim que os grãos são colhidos. Isso pode economizar tempo, reduzir custos e evitar desperdício de recursos, como a água utilizada em excesso nas etapas de lavagem, fermentação e secagem.

Além disso, a tecnologia tem potencial para diminuir o impacto ambiental causado pelos resíduos do pós-colheita, como a água residuária rica em nutrientes, que pode poluir rios e provocar desequilíbrios ecológicos. Com o novo sistema, será possível definir, de forma rápida e precisa, quais lotes devem ser destinados à produção de cafés especiais e quais devem ser vendidos como commodities, com menor investimento.

O professor Samuel Silva reforça que, apesar de o Brasil ser referência em agricultura de precisão desde os anos 1990, ainda faltam soluções acessíveis voltadas à realidade dos pequenos produtores de café. O Laboratório de Mecanização e Agricultura de Precisão e Digital (LabMAP), da Ufes, busca preencher essa lacuna, com foco em tecnologia social e retorno à comunidade rural local.

O próximo passo da pesquisa é ampliar a base de dados para tornar o sistema operacional. O intuito é transformar o protótipo em uma ferramenta prática, acessível e de impacto direto na produção cafeeira nacional.

Fonte: Ufes

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