Batata-doce biofortificada é reconhecida em concurso internacional

Foto: Paulo Lanzetta

O trabalho de difusão da batata-doce biofortificada BRS Amélia foi um dos quatro vencedores no “Terceiro concurso de casos exitosos. Inovações de impacto. Lições da agricultura familiar e sua vinculação com a nutrição na América Latina e Caribe”. A ação com a cultivar faz parte da rede de pesquisa e transferência de tecnologia em biofortificação de alimentos coordenada pela Embrapa, a Rede BioFORT. A solenidade de premiação ocorreu na tarde do dia 17 de dezembro, de forma virtual.

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A iniciativa “BRS Amélia, un camote contra la malnutrición en el sur de Brasil” foi vencedora na modalidade “Setor público nacional e organizações não-governamentais da América Latina, Caribe e Espanha”, tendo concorrido com outras 51 experiências. Também foi reconhecida na categoria “Setor regional ou internacional”, juntamente com iniciativa de biofortificação realizada na Guatemala.

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Como prêmio, a Rede BioFORT receberá recursos que serão convertidos para fortalecimento das ações de melhoramento e transferência de tecnologia. Além disso, o trabalho ganhou espaço em publicação que reúne outros dez casos de destaque e que será distribuída internacionalmente em espanhol e inglês. O documento pode ser baixado neste link.. 

Para o coordenador da Rede BioFORT e pesquisador da Embrapa Agroindústrias de Alimentos (Rio de Janeiro – RJ), José Luiz Viana de Carvalho, que participou da solenidade de premiação, o reconhecimento representa 20 anos de um trabalho árduo para levar tecnologias a pequenos agricultores de norte a sul do Brasil. “Esse prêmio significa muito para toda a Rede BioFORT. É um grande orgulho para mim e creio que para todos os membros do projeto”, disse.

Já durante sua fala no evento, José Luiz abordou a importância dos trabalhos com biofortificação. “Temos que fazer alguma coisa para melhorar aquilo que podemos, não só pelos pequenos agricultores, mas por todas as pessoas que têm fome. A fome não espera. E a biofortificação é mais uma ferramenta para se combater este mal que é a fome oculta, a falta de micronutrientes. Estamos trazendo segurança alimentar às pessoas que mais necessitam”, completou.

BRS AMÉLIA – Lançada em 2011 pela Embrapa Clima Temperado (Pelotas – RS), a variedade possui polpa alaranjada e biofortificada com pró-vitamina A. Enquanto outras cultivares tradicionais registram apenas traços de carotenóides, a BRS Amélia contém 4,7 mg por cada 100g de polpa, o que a posiciona como importante ferramenta na luta contra a desnutrição. E, além dos benefícios nutricionais, também apresenta alta produtividade, com rendimento que ultrapassa 32 mil quilos por hectare.

O trabalho de difusão premiado foi realizado pela equipe de Transferência de Tecnologia e de Comunicação da Embrapa Clima Temperado, com apoio de um conjunto de instituições parceiras e de agricultores e indígenas. Os esforços foram responsáveis por aumentar a adoção da variedade em regiões, principalmente no Rio Grande do Sul, onde o consumo da hortaliça já era popular, mas que tinha como destaque as variedades de polpa branca.

Dados da Embrapa indicam que, de 2011 a 2018, cerca de 375,1 mil mudas da cultivar foram comercializadas por produtores licenciados. Hoje, estima-se que a BRS Amélia cubra 15% da área cultivada no Estado, beneficiando cerca de cinco mil agricultores familiares.

O CONCURSO – Organizado pelo Fontagro desde 2012, o Concurso de Casos Exitosos busca documentar exemplos bem sucedidos de inovação na agricultura para melhorar a disponibilidade e qualidade nutricional dos alimentos. Também, busca identificar experiências que tenham potencial para reprodução em outros locais.

Dos quatro casos premiados, três estão ligados a trabalhos com biofortificação de alimentos. Além do caso da BRS Amélia, foram reconhecidos: “Biofortificación enfrenta al hambre oculta en Panamá” e “Plataforma BioFORT: La ruta nutritiva hacia la mesa de guatemaltecos”. O analista da Embrapa Clima Temperado e coordenador das ações de Transferência de Tecnologia da Rede BioFORT no Rio Grande do Sul e Paraná, Apes Perera, afirmou: “Estamos no caminho”.

Ao final do evento de premiação, foi realizado um painel para discutir perspectivas de futuro, que contou com a participação da pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, atualmente coordenadora do Harvest Plus na América Latina e Caribe, Marilia Nuti. Ela apresentou um histórico sobre a implantação da biofortificação na América Latina e falou sobre a importância de investimento nas pesquisas e atividades.

“Eu diria que o futuro é agora. Portanto, devemos seguir buscando a segurança alimentar com a qualidade nutricional nos alimentos. Os próximos passos são estabelecer alianças privadas e públicas necessárias para chegar às populações de nossa região. Eu acredito que a nossa região precisará implementar sistemas alimentares sustentáveis, considerando o mercado existente, a fim de oferecer mais alimentos nutritivos para a população”, avaliou a pesquisadora.

FONTAGRO – O Fontagro é uma forma de cooperação entre países da América Latina, Caribe e Espanha, que promove a inovação da agricultura familiar, a competitividade e a segurança alimentar. Foi criado em 1998 com o objetivo de contribuir para o manejo sustentável dos recursos naturais, a melhoria da competitividade e a redução da pobreza, mediante o desenvolvimento de tecnologias e inovações de relevância para a sociedade e seus países membros.

Atualmente, 15 países integram a entidade: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Patrocinam a iniciativa o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura.

BioFORT – A Rede BioFORT é o conjunto de projetos responsáveis pela biofortificação de alimentos no Brasil. Ligado ao Harvest Plus, busca diminuir a desnutrição e garantir segurança alimentar e nutricional através do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A na dieta da população mais carente – três das maiores carências mundiais. No Brasil, a biofortificação consiste na seleção e cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivas, com foco no melhoramento de alimentos básicos, como arroz, feijão, feijão-caupi, mandioca, batata-doce, milho, abóbora e trigo.

Além da Embrapa Agroindústria de Alimentos, onde está a liderança da Rede BioFORT, e da Embrapa Clima Temperado, responsável pelo trabalho com a variedade BRS Amélia, também integram a Rede as Unidades: Alimentos e Territórios (Maceió – AL), Amazônia Oriental (Belém – PA), Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás – GO), Cocais (São Luís – MA), Hortaliças (Brasília – DF), Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas – BA), Meio-Norte (Teresina – PI), Milho e Sorgo (Sete Lagoas – MG), Pantanal (Corumbá – MS), Semiárido (Petrolina – PE), Tabuleiros Costeiros (Aracaju – SE) e Trigo (Passo Fundo – RS).

Para conhecer as variedades biofortificadas da Rede BioFORT e os produtores licenciados para a comercialização, acesse este link

Fonte: Embrapa

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