Bioma predominante em cada município brasileiro é definido pelo IBGE

Embora a Amazônia seja o bioma com maior área no território nacional, a Mata Atlântica é predominante no maior número de municípios do país. Esse é um dos dados apresentados pela publicação “Bioma predominante por município para fins estatísticos”, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ela define que municípios interbiomas, ou seja, localizados em mais de um bioma, serão classificados de acordo com o bioma que representa maior percentual em sua área territorial, quando houver agregação de dados municipais por esse recorte natural.

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“Essa lista tem como objetivo disponibilizar para o usuário a maneira pela qual o IBGE vai fazer a agregação de dados por bioma em pesquisas que tenham os municípios como unidade de investigação. Isso porque existem municípios que estão situados em mais de um bioma – os interbiomas – e a gente precisa definir qual critério usar no caso da divulgação das estatísticas”, explica o geógrafo da Coordenação de Meio Ambiente do IBGE, André Assumpção.

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A lista divulgada terá apenas fins estatísticos e não terá efeito sobre a definição legal dos biomas correspondentes a cada município. Isso significa que não há nenhum tipo de alteração em limites tanto de biomas quanto de municípios.

“Se o município faz parte de dois biomas, isso não muda, não tem alteração de limite municipal, não tem alteração no limite do bioma. O município continua sendo parte dos dois biomas, mas, a partir de agora, o IBGE diz que, no caso da agregação de municípios por bioma, aquele município pertencerá ao bioma A ou ao bioma B, e o critério usado para essa definição é o de maior área”, reforça o analista.

A decisão foi tomada após diversas discussões entre os pesquisadores. “O critério mais simples, que é o do bioma que ocupa o maior percentual territorial do município, se mostrou mais interessante porque tem aderência à variedade de temas com que o IBGE trabalha, além de ser de fácil compreensão e reprodução pelos usuários”, explica. A publicação torna possível a adoção da classificação para estudos de diversas temáticas que utilizam dados municipais.

Outro ponto destacado por ele é que o uso do termo interbiomas tem o objetivo de identificar os municípios por onde passa a linha do limite entre os biomas, que é estabelecida de forma técnica, de acordo com características naturais da paisagem. “No entanto, a transição entre biomas ocorre de maneira gradual e há mais municípios além desses interbiomas que se situam nessas áreas de contato, ou seja, áreas de transição entre biomas”, ressalta.

Cerca de 17% dos municípios do país são considerados interbiomas – um total de 963 – e a maioria se situa em São Paulo, que se divide entre a Mata Atlântica e o Cerrado. Há quatro deles inseridos em três biomas: Piripá (BA), Tremedal (BA), São João do Paraíso (MG) e Cáceres (MT). Os demais 959 estão em dois biomas, e a maior parte deles, em números absolutos, está localizada, além de em São Paulo (220), em Minas Gerais (167), Rio Grande do Sul (141), Bahia (89) e Mato Grosso (64). Já as unidades da federação com maior percentual de municípios interbiomas são Mato Grosso (45%), Mato Grosso do Sul (41%), São Paulo (34%), Sergipe (31%) e Rio Grande do Sul (28%).

Mata Atlântica predomina em quase metade dos municípios brasileiros

A Mata Atlântica predomina em quase metade (49,2%), ou em 2.741, dos municípios do país. Esse bioma é seguido pela Caatinga (1.095), o Cerrado (1.062), a Amazônia (503) e o Pampa (162). O Pantanal, que se estende por 151.001 quilômetros quadrados (km²) no território nacional (1,8% do total), predomina em apenas nove municípios, todos em Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul. Destaca-se, ainda, que há apenas um município totalmente inserido dentro desse bioma: Ladário (MS).

Por outro lado, a Amazônia, que representa 49,5% da extensão territorial do país, está presente em 559 municípios e é predominante em 503 deles (9,0% do total). Outros biomas que se destacam em termos de dimensão são Cerrado, com 1.984.554 km² (23,3% do território brasileiro), e Mata Atlântica, com 1.107.285 km² (13,0%).

Na publicação, há uma lista com os biomas predominantes por municípios em uma tabela que contém nomes e geocódigos (identificadores da entidade geográfica) dos municípios, acompanhados das siglas das unidades da federação em que estão situados.

O pesquisador destaca que a identificação do bioma predominante em cada município pode contribuir para a divulgação de estatísticas e indicadores de diferentes temáticas – socioeconômicas, ambientais, entre outras – por esse recorte.

“Esperamos que a lista apresentada sirva de referência para a divulgação de dados de diversas temáticas por bioma. A identificação do bioma predominante nos municípios é mais um produto que visa à integração de dados e informações de diversos aspectos ambientais e econômicos, aprimorando, então, as análises do território brasileiro para subsidiar o Estado e a sociedade como um todo com informações relevantes para um desenvolvimento sustentável”, afirma André.

Ele reforça a importância do uso desse recorte natural para a percepção de fenômenos geográficos. “O bioma, diferente de muitos recortes, não é composto por agregados de municípios. Seu limite é definido por aspectos naturais. Mas a divulgação de estatísticas e indicadores por bioma também é muito interessante porque alguns fenômenos só são perceptíveis quando mudamos o recorte. Então, para determinadas análises, a inclusão de recortes ambientais aprofunda a compreensão desses fenômenos”, conclui.

A PESQUISA – A publicação Bioma predominante por município para fins estatísticos traz uma lista que apresenta o bioma predominante para cada município do país e, com isso, estabelece a referência para a agregação de dados municipais em novos estudos da área. A partir dessa divulgação, o critério utilizado para os municípios interbiomas, ou seja, os situados em dois ou mais biomas, passa a ser o do recorte natural predominante em sua área territorial. Não se trata, portanto, de uma nova delimitação de biomas, mas de uma adoção de um critério para fins estatísticos.

Fonte: IBGE

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