Cafés sustentáveis do Espírito Santo ganham visibilidade internacional

Foto: Julio Huber

Uma comitiva de representantes das principais entidades do setor cafeeiro e da ApexBrasil acaba de visitar a região de produção de cafés arábica e conilon do Espírito Santo.

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A jornada feita pela comitiva – com integrantes da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) e Embrapa Rondônia – tem como objetivo aprofundar-se no conhecimento que envolve a qualidade de ambos os grãos e as práticas sustentáveis de seu cultivo no estado.

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Isso incluiu contato com cooperativas capixabas (Cooabriel, Nater Coop e Cafesul) e visita a indústrias e propriedades cafeicultoras, como a Fazenda Camocim, em Domingos Martins, que acaba de receber um selo internacional de práticas regenerativas.

Concedida pela norte-americana Regenerative Organic Alliance (ROA), a certificação é um reconhecimento importante no mercado de cafés especiais, e é a primeira para os grãos no Brasil (há outras cinco fazendas certificadas pela ROA no Brasil para acerola, cana-de-açúcar e erva-mate).

ROA – Organização sem fins lucrativos estabelecida em 2017 por um grupo de agricultores, líderes empresariais e especialistas em saúde do solo – certifica práticas agrícolas que regeneram o solo, preservam recursos hídricos, promovem o bem-estar animal e asseguram justiça e equidade sociais.

Promovida pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) e pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a visita da comitiva é parte do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura Capixaba, que planeja uma série de ações. Entre elas, impulsionar as exportações de cafés do estado por meio da sustentabilidade, especialmente com as novas exigências ambientais da União Europeia que entram em vigor a partir de 2025.

“O Brasil precisa urgentemente assumir a narrativa sobre seus cafés mundo afora”, acredita o subsecretário de Desenvolvimento Rural, Michel Tesch. Para ele, há muitas “coisas não adequadas” sendo faladas sobre a realidade dos cafés brasileiros, tanto canéforas quanto arábicas. “Dizem que o Brasil é composto por grandes produtores mecanizados, mas 75% das propriedades no Espírito Santo são de pequenos produtores familiares”, ressalta.

Tesch também reforçou o caráter integrativo da visita. “A partir dessa visita, podemos construir uma agenda conjunta para posicionar internacionalmente o Brasil com uma história completa”, acredita ele.

O Espírito Santo tem na cafeicultura sua principal atividade agrícola (quase 70% das propriedades rurais são dedicadas ao cultivo do café), e foi responsável, ano passado, pela produção de 11,5 milhões de sacas de café conilon (o estado é o segundo maior produtor de canéfora do mundo) e 1,7 milhão de sacas de arábica, de acordo com a Conab. “O Espírito Santo tem qualquer perfil de café que qualquer mercado consumidor precisa. Além disso, temos pessoas diversas, dedicadas e que têm o compromisso com a sustentabilidade, com entregar os melhores cafés do mundo”, garante Tesch.

Para o subsecretário, o ambiente global está “extremamente favorável”. “É o momento crucial para o Brasil assumir a liderança da cafeicultura mundial, se posicionando como uma origem de cafés sustentáveis. Vamos contribuir muito e seguramente seremos responsáveis pela manutenção dos cafés nos principais mercados mundiais”, disse.

A viagem da comitiva incluiu visitas, também, à Realcafé, tradicional indústria do solúvel e ao Centro de Cafés Especiais do Espírito Santo – que, entre outras atividades, faz os cuppings dos principais cafés de concurso da região.

Dois outros produtores foram contemplados com a visita: Marcelo Coelho, produtor de conilons de qualidade e sustentáveis em Aracruz, e a família Avanci, parceira de pesquisas do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) com materiais de arábica mais produtivos e tolerantes a doenças, em Venda Nova do Imigrante.

CAMOCIM – Uma particularidade da ROA é que ela certifica somente fazendas orgânicas, ou seja, que não utilizam fertilizantes oriundos do petróleo, por exemplo. “A certificação pelo ROA tem o detalhe de considerar o caráter holístico de uma fazenda aliado à obrigação de que ela seja orgânica”, resume Henrique Sloper, proprietário da Camocim, que segue práticas biodinâmicas.

O processo iniciou-se há mais de um ano e, com o selo em mãos desde junho, Sloper conseguiu mais oportunidades no mercado internacional. “Hoje em dia, compradores grandes internacionais, como Canadá, Estados Unidos e Inglaterra, já exigem certificação regenerativa também”, explica Sloper, que aumentou sua presença no exterior ao entrar no mercado de cafés do Vale do Silício, norte da Califórnia (EUA), conhecido por ser o maior centro de inovação tecnológica e de empreendedorismo do mundo.

Diferentemente da ROA, certificações orgânicas e biodinâmicas não têm certificação para condições sociais. “Há um código de conduta, que não é fiscalizado. A certificação do ROA é importante para quem tem preocupação social. Esse tipo de certificação vai espalhar-se pela Europa”, aposta o produtor.

Fonte: OCB/ES e Café Point

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