Seminário discute déficit de armazenagem para grãos e aponta soluções emergenciais

A constatação da necessidade de aumentar o espaço para armazenar grãos nas principais áreas de produção de grãos no Brasil e ampliar as discussões sobre as formas de desenvolver a capacidade de estoques marcou as apresentações e debates no seminário webinar Mitigar o Déficit de Armazenagem do Brasil: análise e opções de curto prazo. O evento on-line foi realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em duas edições. A abertura do primeiro encontro (dia 5) foi feita pelo diretor-presidente substituto da estatal, José Ferreira da Costa Neto, que destacou a importância do evento e da armazenagem para a cadeia produtiva de grãos do país.

O seminário continuou na quinta-feira (6), com foco na análise e opções de longo prazo. As palestras foram do gerente de Cadastro e Credenciamento de Armazém da Conab, Saulo Medeiros, que traçou o histórico do crescimento da capacidade estática brasileira; do diretor da Acebra, Roberto Queirogas (Fatores que impedem o crescimento da capacidade de armazenagem); do consultor de Política Agrícola da Aprosoja, Thiago Rocha (Viabilidade econômica na construção de estruturas de armazenagem); e do auditor técnico do Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras, Ricardo Martins (Modelos de armazém voltados à agricultura familiar).

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DÉFICIT DE CAPACIDADE DE ARMAZENAGEM – Em sua fala no primeiro dia, Stelito Reis, superintendente de Armazenagem da Conab, mostrou um cenário em que o setor produtivo de grãos no Brasil segue evoluindo, enquanto a armazenagem não acompanha esta tendência. Ele propôs uma análise pormenorizada, com detalhes regionais desse déficit, que chega, em algumas regiões e momentos, como no Matopiba, a 71% da capacidade estática ou cerca de 12 milhões de toneladas de grãos no aguardo de armazenamento a cada safra.

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Na região Centro-Oeste, nos cenários propostos, a situação próxima de 100% de utilização dessa capacidade também não é confortável, segundo ele, porque o produtor pode não contar com todos os armazéns disponíveis, uma vez que podem estar passando por reformas ou ocupando produtos dos estoques de passagem. “A questão da deficiência de espaço de armazenagem no Brasil é uma situação atual. E a solução está na construção de mais unidades de armazenagem, agilização de fluxos, utilização de estruturas temporárias, como os silos bolsa, e planejamento logístico com informações regionalizadas”, sugeriu Reis.

LOGÍSTICA DE ESCOAMENTO – Já para o superintendente de Logística Operacional, Thomé Guth, a situação de logística no país, que tem hoje uma boa oportunidade de investimento, necessita de melhoria na malhas rodoviária e ferroviária, sobretudo na região Centro-Oeste, além de modernização dos portos, a fim de agilizar o escoamento da safra de grãos, o que pode reduzir a pressão sobre a capacidade estática nacional. No entanto, ele chamou a atenção para um possível esgotamento da capacidade de escoamento dos portos em 2025. Neste caso, seria imprescindível que o país contasse com uma quantidade de armazéns suficientes, para poder controlar o fluxo, mantendo a qualidade da produção.  

Guth reconhece que, “o Brasil tem investido em outros modais logísticos, além do rodoviário, como hidroviário e ferroviário. Mas é preciso também uma atenção maior nos portos, para aumento da capacidade de operação”. O modal rodoviário brasileiro responde por 65% do escoamento da soja e do milho, enquanto que uma pequena parte segue por ferrovia e hidrovia.

SILOS BOLSA – Os palestrantes, Angelo Pedrosa e Solenir Ruffato, que foram convidados para o seminário, defenderam a utilização dos silos bolsa na armazenagem como um complemento aos equipamentos metálicos. No entanto, reconheceram “ser um aprendizado solitário no Brasil”, por falta de maior divulgação e desconhecimento da tecnologia.

Favorável à utilização desses equipamentos em Uberlândia/MG, Pedrosa destaca que a modalidade vem crescendo no Brasil nos últimos anos, chegando a 25% de utilização.

Ele vê vantagens no silo, como baixo custo de manutenção, crescimento sustentável de tecnologia, qualidade de armazenagem e flexibilidade do equipamento. Já para a professora Ruffato, a utilização do silo é apropriada para o caso de atraso na colheita, desde que não haja outra opção de armazenagem. Também, quando há pouco tempo para descarregar, lembrando que experiências realizadas com um produtor, alcançou percentuais de umidade bastante variáveis, dependendo da técnica utilizada.

Fonte: Conab

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