Como os custos de produção têm afetado os produtores

Nos últimos meses, muito tem se falado sobre o aumento no custo de produção de leite e como isso tem pressionado a rentabilidade da atividade de produção primária. Depois de um 2020 com margens mais elevadas, principalmente na segunda metade do ano, o produtor viu sua rentabilidade diminuir nesse início de 2021.

Se, no segundo semestre de 2020, os custos de produção foram mais que compensados pela forte valorização do leite ao produtor, em 2021 essa situação não se repetiu. Até o momento, os custos continuam a subir de forma persistente, enquanto os preços do leite ao produtor só tiveram a primeira valorização, ainda que de forma tímida, em abril (Figura 1).

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O mês de junho deverá registrar uma valorização mais acentuada, mas o recorte da análise finaliza em abril em função das informações de custo disponíveis que serão analisadas adiante.

Entre julho e dezembro de 2020, o custo de produção registrou alta de 20%, enquanto o preço recebido pelo produtor subiu 40%. Já entre janeiro e abril deste ano, o custo aumentou 9% e o preço do leite caiu 7%, afetando a rentabilidade da atividade. Entretanto, esses dados mostram resultados médios, que não expressam detalhadamente a realidade nos diferentes estratos de produção de leite do Brasil.

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Figura 1 -Evolução do preço do leite ao produtor e do custo de produção de janeiro de 2020 a abril de 2021 (janeiro de 2020 = 100)

Para analisar como essa dinâmica de mercado afetou os diferentes perfis de produção de leite, utilizaram-se planilhas de custos disponibilizadas pela Epagri de Santa Catarina, que são atualizadas três vezes ao ano.

Apesar de se tratar de um retrato da produção típica daquele estado, vale como uma proxy para a situação brasileira, já que os movimentos de custo com concentrado e preço do leite caminharam de forma parecida no País.

A Figura 2 apresenta o “resultado operacional do leite ” para cinco sistemas referenciais de produção, definidos pela Câmara Técnica do Conseleite Santa Catarina, de acordo com seu volume médio de produção diária (100 litros, 195 litros, 400 litros, 880 litros e 1960 litros) e ilustra o impacto dos custos e dos preços do leite sobre a rentabilidade em 2020 e 2021.

Inicialmente, é possível perceber a elevação da rentabilidade em todos os perfis de produção ao longo de 2020, seguida de queda acentuada em abril de 2021. Em julho e outubro de 2020, período em que o preço do leite registrou forte valorização, todos os sistemas registraram resultados positivos.

Em outubro de 2020, quando o preço do leite ao produtor registrou sua máxima histórica, os dois sistemas de maior volume chegaram a superar uma margem de R$0,60 por litro, o que representou uma rentabilidade acima de 40% sobre o custo de produção.

Mesmo os três sistemas de menor volume de produção registraram rentabilidade acima de 20% sobre o custo de produção, o que se configurou nos melhores resultados para a série disponibilizada pela Epagri-SC que iniciou em abril de 2018.

Já em 2021, observa-se expressiva redução na rentabilidade do produtor. Nesse cenário de aumento de custo e queda de preço do leite, somente os dois sistemas de maior volume conseguiram resultado operacional positivo, mas em montante bem inferior ao registrado em outubro de 2020.

Nesses dois sistemas, apesar do custo ter subido em proporção até maior que nos outros três sistemas, o preço mais elevado recebido pelo leite, em função da bonificação por volume de produção, permitiu a continuidade de sua atividade sem prejuízo.

Esse resultado mostra a importância do volume de produção diário para rentabilidade da atividade leiteira, seja na diluição dos custos fixos ou na diferenciação do preço recebido pelo leite em função dos programas de bonificação por volume dos laticínios.

Portanto, apesar do cenário atual ser de redução da rentabilidade de todos os produtores, esse efeito é mais acentuado naqueles de menor volume de produção. Esses resultados também podem ajudar a explicar os números recém divulgados pelo IBGE na Pesquisa Trimestral do Leite, que apontam um aumento de 1,8% na captação de leite dos laticínios inspecionados no primeiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período de 2020.

Apesar da redução da rentabilidade, os produtores de maior volume diário, que atualmente representam boa parte da produção inspecionada, continuam com margem positiva e aumentando a produção. Por outro lado, aqueles de menor volume tem encontrado dificuldades para se manterem na atividade, o que deve acelerar o processo de consolidação no campo.

Figura 2. Resultado Operacional do leite de cinco sistemas de produção típicos de Santa Catarina – em R$/litro de leite

Autores: Denis Teixeira da Rocha e Glauco Rodrigues Carvalho.

Fonte: Cepea / ICPLeite-Embrapa

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