Lucro na seca depende da suplementação adequada

Nesse período de transição entre estações do clima, o pecuarista deve ficar atento ao manejo nutricional do rebanho

Sempre que caminhamos para a época seca do ano, as deficiências minerais das pastagens se acentuam, assim como a energia e proteína na mesma. No entanto, o nutriente que passará a de fato limitar a criação dos animais dentro do período seco para os animais criados em pastagens, é de fato a proteína (nitrogênio). Como os pastos estão maduros e secos, com baixo valor nutricional, o consumo de forragem é diretamente afetado, principalmente, pela queda nos teores de proteína, onde, por sua vez, os animais passam a consumir quantidades menores do alimento, o que chamamos de redução na ingestão de matéria seca, que terá, como consequência, um menor desempenho, chegando em inúmeras vezes a perda de peso nesse período, caracterizando-se pelo efeito sanfona, onde parte do peso adquirido nas águas, perde-se na seca.

“Esse fato ocorre, pois os ruminantes (bovinos, ovinos, bubalinos) precisam de, no mínimo, 7% de proteína bruta (PB) presente na matéria seca de seus alimentos, e com o caminhar da seca, esta concentração estará a baixo desses valores, reduzindo, assim, a atividade da microbiota ruminal, pois não há o mínimo necessário de nutrientes para estimular o crescimento dos microrganismos ruminais.Com a diminuição da população microbiana e das atividades ruminais, a capacidade do rúmen em fermentar e digerir forragem fica comprometida, e o tempo de passagem do alimento pelo trato digestório aumenta, o que logo levará o animal em um quadro de subnutrição, pois o mesmo tem sua capacidade de ingestão reduzida”, explica o médico veterinário e coordenador técnico da Divisão Bovinos de Corte do Grupo Matsuda,Julliano Percinoto Pompei.

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De acordo com o especialista, para que possamos mitigar ou mesmo dar condições para que os animais continuem a ganhar peso e se desenvolver zootecnicamente, é necessário compensar as quedas desses nutrientes que limitam a criação dos animais.

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“Para isso, devemos ter uma atenção especial sobre os suplementos minerais que iremos fornecer, pois além dos minerais essenciais, esses produtos devem conter boa fonte de proteína e energia, que estimulem a multiplicação dos microrganismos ruminais. Para aumentar a ingestão da forragem que, ora estará com baixa qualidade, e assim retomar, ou manter seus desempenhos, mesmo de forma mais tímida, quando comparado aos desempenhos no período das águas. Essa suplementação proteica deve conter fontes de Nitrogênio Não Proteico (Ureia) e também fontes de proteína verdadeira (grãos) associada, para aumentar a eficiência de sua utilização, assim como o consumo das forragens pobres em proteína (< 7% de PB). A principal resposta às suplementações proteicas tem sido pelo atendimento da exigência microbiana ruminal por proteína, além dos minerais e energia contidos nestes suplementos”, destaca o técnico.

A viabilidade econômica de uma atividade é assegurada pela sua capacidade de gerar lucro e isso se resume na capacidade de produção de cada sistema. Por isso, o Grupo Matsuda desenvolveu o Programa Desempenho Máximo, que visa a produção de mais arrobas e mais quilos de bezerros produzidos ao longo de todo o ano.

De acordo com Pompei, para isso é preciso adequar a nutrição de tempos em tempos, afim de ajustar a exigência nutricional dos animais, pois as forrageiras não mantém níveis constantes em suas composições nutricionais.

“Vale ainda ressaltar que a suplementação, quando feita de forma adequada, serve para ajustar a deficiência e o desbalanço nutricional presente nas forragens, independente da época do ano ou mesmo aporte de intensificação sobre as correções agronômicas feitas sobre as mesmas. E toda vez que erramos ou negligenciamos as exigências dos animais frente ao pouco que nossas pastagens conseguem fornecer em minerais, proteína e energia, estamos também retardando o desempenho dos nossos animais, aumentando, com isso, os custos sobre a produção desses animais por permanecerem maior tempo dentro da propriedade, ou o que é pior, sendo subprodutivos, ou seja, produzindo muito aquém do que realmente poderiam produzir. Com isso, perdemos competitividades para com outras áreas, ou atividades”, ressalta.

Segundo Pompei, dentro de um País tropical, como o Brasil, onde 96% do rebanho é criado quase que de forma exclusiva, em pastagens tropicais, as forragens são, sem dúvida, a forma mais barata de produzirmos carne e leite de qualidade, porém, desde que a nutrição aos animais sejam bem corrigidas, por suplementos minerais proteicos e energéticos, tecnicamente adequados via cochos, também chamados de parto do boi, onde consomem tudo o que os pastos não contemplam em sua composição.

“A nutrição mineral é como o alicerce de uma casa, é a base para todas as demais atividades metabólicas, seja para síntese de proteína ou enérgica, Miogênese (formação dos músculo), Adipogênese (formação da gordura), Lactogênese (formação do Leite), e tantas outras importantes fases de desenvolvimento dos animais”, observa.

Ainda, segundo Julliano Percinoto Pompei, os três principais fatores que limitam o desempenho de bovinos em pastagens tropicais no Brasil são: o baixo teor protéico das gramíneas e a baixa disponibilidade de energia devido à menor digestibilidade das forragens, o que podemos corrigir com o uso de suplementos proteicos e energéticos. E a deficiência e o desbalanço de minerais, principalmente P, Cu, Na, Co, Se, Zn,I e S, podem ser acertados com o uso de suplementos minerais com ou sem proteína e energia, de acordo com a época do ano ou mesmo grau de intensificação. As principais consequências dessas deficiências são a perda da resposta imunológica acarretando maior susceptibilidade às doenças infectocontagiosas e parasitárias, que debilitam e elevam a mortalidade dos animais, principalmente animais jovens”, finaliza o especialista.

Fonte: Taxi Blue Comunicação Estratégica

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